Sete alunos com deficiência visual do curso de Avaliação Olfativa da Fundação Dorina Nowill, de São Paulo, tiveram uma experiência diferente ontem. Eles visitaram a fábrica do Grupo Boticário, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e puderam acompanhar todo o processo de produção de perfumes através do tato e do olfato.
VÍDEO: veja como foi a visita dos alunos à fábrica
Na visita, eles tocaram nos equipamentos, sentiram as fragrâncias, tanto dos perfumes quanto da matéria-prima, e ouviram os barulhos da indústria. A primeira parada foi no "berçário", nome dado ao local onde os brotos das flores que vêm de Holambra, no interior de São Paulo descansam. "Eles levam de 10 a 15 dias para desabrochar", conta o coordenador de fragrâncias César Veiga. Cada três toneladas de flores geram um quilograma do óleo essencial, um dos principais componentes do perfume. "Uma gota já é suficiente para a composição do produto e, inclusive, é capaz de deixar uma casa muito cheirosa", brinca Veiga.
Um das alunas que acompanharam a visita foi Elizabeth Ramos Marcondes, de 27 anos. "Eu estou adorando. Nós já fomos a outras empresas, mas nunca tivemos a oportunidade de conhecer o processo todo", conta. Elizabeth tem apenas 10% da visão. Enquanto conversava com a reportagem, ela cheirava e sentia a textura de um lírio utilizado na produção.
Processo
Logo depois do berçário, as flores passam pelo "enflourage", processo em que são colocadas sobre uma placa de vidro com gordura, que fica impregnada com o óleo da planta. A gordura, depois de sair do berçário, é enviada para a sala de separação, onde é desassociada do óleo por meio de um aparelho. Na última parte do processo, o óleo passa por um filtro, para perder todos os resquícios de gordura, e então vai para a refrigeração e para a fábrica.
Além de acompanhar o processo, os alunos também conheceram a fábrica. Uma das paradas foi o local onde é produzido o perfume Coffee Man. Eles também tiveram uma palestra sobre marketing de produto e tendências do setor de perfume.
Mercado
O Brasil é um dos líderes do mercado de perfume. Foi por causa disso que a especialista Renata Ashcar criou a Fundação Dorina Nowill, que oferece o curso de avaliação olfativa para deficientes visuais. "A ideia foi criar um curso para que essas pessoas aproveitem essa posição do país", comenta. O curso foi lançado há três anos. Até agora, segundo Renata, 16 pessoas se formaram e 10 delas já estão no mercado de trabalho. "Quando eles são contratados por uma empresa, é uma felicidade geral. Isso muda a vida deles."
Além dos alunos da fundação, o publicitário Ivan Kühl, 31 anos, funcionário do Grupo Boticário, também participou da visita. Lotado no setor de relações institucionais, ele diz que a empresa fez adaptações para a sua condição. "O meu computador, por exemplo, tem sistema de voz. Então tudo que aparece na tela eu ouço."
Alunos com problemas visuais visitam fábrica do Boticário
Os deficientes visuais convidados estudam para ser perfumista. Na fábrica, entraram em um berçário de lírios, onde o florescer exala um perfume inigualável. As pétalas mais tarde emprestam o cheiro para os óleos de essência da marca.
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