Thalyta e os pais: “aquilo que planejamos durante um ano tivemos de fazer em duas semanas”| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Cronologia

Veja a sucessão de fatos relacionados aos brigadeiros que continham veneno:

12 de março

Thalyta recebe uma caixa com oito brigadeiros envenenados. Além dela, outras três pessoas passam mal após ingerir parte dos doces.

13 e 14 de março

Polícia investiga envolvimento de um namorado ou ex-namorado de uma das vítimas. Verifica também se o caso poderia ser uma vingança contra o pai de Thalyta, que é policial militar.

15 de março

Thalyta sai do coma e seu estado é considerado estável. Os três amigos também se recuperam. No mesmo dia, o taxista responsável pela entrega da caixa com oito brigadeiros presta depoimento na Delegacia de Homicídios. Segundo ele, uma mulher bem vestida o procurou e pediu para ele entregar a caixa no Umbará.

20 de março

A Delegacia de Homicídios de Curitiba divulga imagens que mostram uma mulher entregando uma caixa de brigadeiros a um taxista.

27 de março

A mulher que aparece nas imagens é identificada pela Delegacia de Homicídios. Margareth Aparecida Marcondes, de 45 anos, é doceira, de Joinville, Santa Catarina, e amiga da família de Thalyta.

31 de março

A doceira identificada é presa. O delegado Marcel de Oliveira, da Divisão de Investigações Criminais de Joinville, confirma que ela confessou o crime. Ao delegado, Margareth também admite ter tentado matar o marido dela.

Fonte: Da redação

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Sonhada há anos, a festa de 15 anos de Thalyta Machado Temiski, que se realiza hoje à noite em Curitiba, não terá muitas das atrações e enfeites que ela planejou. Ficarão de fora a decoração temática de cinema, a piscina de bolinhas, a cama elástica e o filme que ela faria com as amigas. Mas a festa, montada às pressas graças ao esforço da família e à ajuda de conhecidos, promete muita emoção: "Ela vai ser melhor do que eu esperava – pelo ocorrido, pelas pessoas, pelas homenagens e por estar de volta", garante Thalyta.

Os planos originais foram alterados no dia 12 de março, após uma visita inesperada. Por volta das 18 horas, a adolescente recebeu em casa, no bairro Umbará, uma caixa de brigadeiros entregue por um taxista. A caixa vinha acompanhada de um bilhete informando que, caso a adolescente não tivesse fechado contrato com alguma empresa, ali seguia uma amostra de doces para a sua festa de 15 anos.

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Thalyta comeu quatro brigadeiros. Achou o gosto de um deles estranho, mas não desconfiou de nada. Por volta das 20h30 ela começou a suar frio e a vomitar. A família decidiu, então, levá-la ao médico. No carro, a menina teve a primeira parada cardiorrespiratória e chegou ao Centro Municipal de Urgências Médicas inconsciente e espumando pela boca e pelo nariz. Logo veio a suspeita: os doces estavam envenenados.

Os outros três amigos que experimentaram os brigadeiros também passaram mal e foram internados. Com duas paradas cardiorrespiratórias, Thalyta foi encaminhada ao Hospital de Clinicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, onde chegou a ficar em coma por quatro dias. Acordou apenas no dia 15 e a primeira pergunta que fez foi sobre a festa.

A cerimônia estava sendo planejada há um ano. A família já tinha fechado contrato com a doceira Margareth Aparecida Marcondes e pago a ela um valor de entrada e uma quantia mensal. Era dela a responsabilidade pelos doces, pela decoração, pelo cerimonial, bolo, DJ e pelas lembrancinhas. Durante as investigações, os policiais suspeitaram da doceira, possibilidade descartada pela família. A polícia continuou as investigações e Margareth acabou confessando o crime. Em seu depoimento, ela disse que, com o envenenamento, pretendia que a festa fosse adiada, já que tinha gastado o dinheiro recebido.

Thalyta, porém, nunca quis adiar a festa e, assim que melhorou, reiniciaram-se os preparativos. "Aquilo que planejamos durante um ano tivemos de fazer em duas semanas", conta a mãe dela, a dona de casa Minéia Machado Temiski. Eles usaram as economias, fizeram dívidas, e contrataram uma nova cerimonialista, que correu atrás dos preparativos. Amigos também ajudaram e teve quem se sensibilizou com a história e forneceu as bebidas.

Novos convidados

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Devido às mudanças, alguns dos sonhos de Thalyta foram cortados. A lista de convidados, porém, só cresceu. "Convidei médicos e enfermeiras do HC. Eles foram bem carinhosos. Foram meus anjos", diz a adolescente. O carinho era tamanho que as equipes se revezavam por 17 horas seguidas para providenciar que a cada 10 minutos a paciente recebesse um antídoto. "Fui muito mimada, recebi muito carinho e quero que eles participem da festa", diz. Com os novos amigos, a lista passou de 180 para 200 convidados para a festa de hoje.

A cerimônia será marcada por homenagens, tanto as que Thalyta vai fazer quanto as que receberá. "A única coisa que queria era ter minha filha de volta na festa dela. O maior presente é meu", diz o pai dela, o policial militar Edilson José Temiski. Quando o relógio passar da meia-noite, Thalyta completará 15 anos e fará um mês que ela saiu do coma: "O que comemoro mesmo é uma vida nova", diz.