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Infância

Uma idade para cada responsabilidade

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Qual o momento certo para dar um celular de presente para o seu filho? E em que idade as crianças estão prontas para viajar sem a companhia dos pais, navegar na internet ou ganhar mesada? Segundo psicólogos e pedagogos, não existe uma fórmula que sirva para todas as crianças: é importante acompanhar o crescimento dos filhos para definir o melhor momento para essas e outras atividades do dia a dia.

"Não existe um padrão, porque cada criança é única e não existe receita mágica para criar os filhos. Então cabe à família, que conhece sua personalidade, perceber quanto de autonomia a criança já tem e como isso pode ser aumentado aos poucos", diz a psicóloga e coordenadora do Espaço de Desenvolvimento Criança em Foco, Fernanda Roche. Ela também recomenda que os pais evitem comparar os filhos entre si ou com outras crianças de idades parecidas. "É injusto com eles. Cada um tem seu desenvolvimento, suas habilidades e seus limites. O certo é comparar a evolução da criança com ela mesma. Se no começo do ano ela não conseguia economizar uma parte da mesada e agora é capaz de fazer isso, não importa se o irmão é supereconômico, ela precisa ser reconhecida por seu esforço."

Com o objetivo de facilitar a tarefa dos pais, a Gazeta do Povo preparou um guia para mostrar quando as crianças normalmente estão prontas para fazer determinadas coisas e quais os cuidados que os pais devem ter nesses momentos.

Mesada: A partir dos 3 anos

Cuidados: com 3 ou 4 anos, os pais podem dar um valor simbólico por semana ou moedinhas de troco no fim do dia e incentivar a criança a poupar em um cofrinho. A partir dos 6 ou 7 anos, a "semanada", quando os pais fracionam o valor da mesada e entregam uma quantia por semana, é bem-vinda. Também é bom criar um "dia da semanada", para conversar sobre os gastos e entregar o valor. Uma mesada um pouco maior por ser entregue a partir dos 9 anos. Mas não se preocupe: nos primeiros anos, o valor é o que menos importa e R$ 10 por semana, para uma criança, têm um poder incrível de compra.

Esportes: A partir dos 5 anos

Cuidados: antes disso, é possível que a criança faça um esporte de forma recreativa. Desde bebê, por exemplo, ela já pode começar as aulas de natação, mas com respeito a seus limites físicos e sem cobrança dos pais por resultados. Só mais tarde, a partir dos 8 anos, pode ser incentivada a ideia de competitividade. E vale uma ressalva: muitas vezes, o interesse no esporte é dos pais e não dos filhos. Portanto, certifique-se de que a atividade escolhida é realmente a preferida da criança e não ofereça resistência caso ela desista ou se interesse por outra modalidade.

Viajar sozinho: A partir dos 12 anos

Cuidados: algumas companhias aéreas oferecem o serviço de acompanhamento, em que as crianças são monitoradas durante o voo. Nos ônibus, isso não é possível. Em todos os casos, o melhor é só deixá-las viajar quando houver certeza de que se sentem seguras e estão preparadas para situações complicadas, como turbulências e atrasos na viagem. Adolescentes com mais de 12 anos não precisam de autorização judicial dos pais para viajar sozinhos em território nacional. Para viagens internacionais, menores de 18 anos sem os pais precisam de autorização por escrito em duas vias com firma reconhecida. Mais informações: (41) 3223-4672 ou www.tjpr.jus.br.

Celular: A partir dos 10 anos

Cuidados: a primeira preocupação é verificar qual a finalidade do celular para a criança. Ele não deve ser somente um símbolo de status ou uma forma de o filho demonstrar que ganhou o que todos os amiguinhos já têm. É importante que os pais limitem o uso e mostrem que esse é um recurso para emergências. O celular não deve ser utilizado em sala de aula ou para substituir as brincadeiras com os amigos. Mantenha o diálogo com as crianças, converse sempre de maneira amistosa e, de vez em quando, pergunte com quem ela costuma falar pelo telefone e quais são seus jogos de celular preferidos.

Fast-food: A partir dos 3 anos

Cuidados: se possível, protele ao máximo a primeira visita à lanchonete fast-food. O melhor é não oferecer e esperar o momento em que a criança pedir. Mesmo assim, estabeleça regras: permita o lanche fast-food apenas uma vez por mês e explique sobre a importância de uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, legumes, cereais integrais e carnes magras e pobre em gorduras, sódio e produtos industrializados. Mas não se iluda: o exemplo faz toda a diferença para que a medida surta efeito. Se os pais têm uma alimentação desregrada e comem fast-food com frequência, vai ser difícil convencer as crianças.

Andar sozinho: A partir dos 13 anos

Cuidados: o primeiro item a considerar é a segurança. Avalie como é a vizinhança e que caminho o adolescente vai percorrer. É bom fazer o trajeto com o filho algumas vezes até que ele se sinta confiante para realizá-lo sozinho. O ideal é que ele ande de ônibus ou volte da escola a pé sempre que possível acompanhado por amigos. Aproveite para ensinar comportamentos adequados para situações de risco, como recusar carona de estranhos. Mesmo que o trajeto seja curto, sempre peça que o filho avise quando chegar ao destino ou entre em contato quando, em função de algum imprevisto, não for direto para casa.

Dormir fora: A partir dos 5 anos

Cuidados: o ideal é que os pais fiquem atentos à maturidade e ao grau de independência dos pequenos e conheçam bem a família que vai acolher o filho (sejam parentes ou os pais de algum amiguinho da escola) e o local onde ele vai ficar. Também é importante que os pais verifiquem se a criança se sente segura de passar uma noite sem eles e deixem todos os contatos, para o caso de precisarem buscá-la antes da hora. Outra dica é ficar de olho nas orientações básicas de educação, para que a criança se comporte, escove os dentes, tome banho, não atrapalhe a rotina da casa, respeite as pessoas e tenha noção e que não pode ter a mesma postura que tem em casa, já que as regras vão ser diferentes.

Internet: A partir dos 6 anos

Cuidados: no início, o uso do computador, especialmente da internet, deve ser monitorado de perto pelos pais. Por isso, é bom manter o diálogo aberto, acompanhar as atividades, informar-se sobre as pessoas com quem a criança conversa, que jogos está acessando e quais são os seus sites preferidos, além de explicar sobre os perigos e limitar o uso. Até os 8 anos, o ideal é que a criança não passe mais de uma hora na frente da tela e o uso deve estar ligado a atividades educativas. Mais tarde, o tempo pode aumentar um pouco, mas os pais devem sempre incentivar alternativas de entretenimento que promovam a interação com outras pessoas, principalmente com a família.

Novo idioma: A partir dos 7 anos

Cuidados: as crianças têm uma facilidade natural para aprender outras línguas, mas é importante que, antes dessa idade, o contato com outros idiomas seja feito de uma forma natural, em conversas entre a família ou a partir de brincadeiras, filmes e músicas – sem cobranças por resultados. Uma possibilidade para os pais que fazem questão de despertar o uso de uma segunda língua é optar por escolas bilíngues, que trabalham o português e o outro idioma de maneira simultânea desde cedo. Mesmo assim, independentemente da idade, o aprendizado do idioma não pode ser uma imposição dos pais e precisa ser divertido para as crianças.

Fontes: Fernanda Roche, psicóloga e coordenadora do Espaço de Desenvolvimento Criança em Foco; Maria Silvia Bacila, professora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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