O publicitário David Keller se baseou nas próprias dificuldades para criar o produto| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Menos de 1% do óleo de cozinha usado no Brasil acaba sendo reaproveitado. Para aumentar esse porcentual é necessário que os consumidores se conscientizem da importância de descartar o produto corretamente.

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1 litro de óleo contamina 20 mil litros de água, além de prejudicar o solo, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp).

R$ 130 mil é a meta de arrecadação para viabilizar a produção do Oliplanet. Em 12 dias de campanha, as contribuições já chegaram a R$ 6 mil. Pessoas e empresas podem participar. A maior parte do investimento (67%) vai para um molde de injeção necessário para fabricar o produto.

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O objeto funciona como funil e tampa ao mesmo tempo

No quesito reciclagem, o óleo de cozinha vai mal. Hoje em dia, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, menos de 1% do que é usado acaba sendo reaproveitado. Um aliado para impulsionar a coleta do produto e evitar que polua rios está surgindo no Paraná. É o Oliplanet, um utensílio adaptado que promete diminuir os problemas na hora de transferir o óleo da frigideira para uma garrafa PET. O objeto surge com a proposta de incentivar uma mudança cultural e ajudar a reduzir impactos ambientais.

O Oliplanet foi desenvolvido pelo diretor de arte da agência de publicidade Master Roma Waiteman, David Keller. "Um dos motivos do baixo índice de reciclagem é a falta de praticidade para separar o óleo", comenta. Para conseguir viabilizar a fabricação do produto, Keller iniciou uma campanha no site Catarse, maior página de crowdfunding (financiamento coletivo) do Brasil, para arrecadar o expressivo montante de R$ 130 mil. Cada interessado pode contribuir com o mínimo de R$ 10 e recebe algumas recompensas, como o próprio Oliplanet. A ideia já foi patenteada.

Como funciona

O Oliplanet é acoplado à boca da garrafa para facilitar no momento em que o óleo é despejado. Em forma de bola e azul, uma alusão ao planeta, ele pode ser rosqueado no bico da garrafa e aberto para funcionar como um funil. A ideia de Keller é levar o utensílio ao maior número de pessoas possível, com um preço acessível. Se fosse um simples funil, de acordo com ele, seria preciso lavá-lo e guardá-lo, serviços que acabam sendo obstáculos na separação do óleo no cotidiano. O utensílio atende, segundo Keller, três características fundamentais do desenvolvimento de produtos: a usabilidade, a utilidade e o design.

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Criado em Prudentópolis, no Centro-Sul do Paraná, Keller veio para Curitiba, em 1996. Alguns anos depois, morando sozinho, não conseguia descartar o óleo. "Eu me sentia mal em jogar na pia e o jeito era separar. Colocava na garrafa pet, mas vazava, sujava toda hora", lembra. Ele acabou adaptando um funil comum com uma resina. Quando enchia a garrafa, o trabalho era refeito. "Meus amigos viam e achavam engraçado, mas falavam que iriam fazer algo parecido", conta. A ideia da "bolinha azul" foi se aprimorando até ser colocada no papel. O desafio agora é levantar o capital para efetivamente produzir o Oliplanet. Em 12 dias de participação no Catarse, Keller e outros dois amigos que o ajudam na empreitada – um empresário e um engenheiro mecânico – reuniram quase R$ 6 mil.

Política

Vereadores debatem exigir sistema de coleta em condomínio

Está em discussão na Câmara Municipal de Curitiba uma proposta para forçar grandes conjuntos habitacionais a adotarem práticas para coletar o óleo de cozinha. O projeto de lei quer obrigar que construções de prédios e condomínios verticais acima de quatro andares e horizontais acima de dez unidades instalem sistemas de coleta para reciclagem. O descarte em garrafas PET deverá ser feito em coletores de cor marrom.

De acordo com a ideia, a remoção do óleo ficará a cargo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A punição para a construção que não cumprir a disposição da lei deverá ser a não concessão do alvará. O projeto está em análise na procuradoria jurídica da Câmara Municipal.

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O texto do projeto não determina para onde a secretaria levará o óleo. Cada litro do produto descartado é vendido por R$ 1 para a Petrobras. A estatal reprocessa o óleo e transforma em biodiesel.

Meio ambiente

Segundo a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), cada litro de óleo contamina até 20 mil litros de água. Exatamente por isso, a separação do óleo de cozinha é tão importante. Caso o óleo escorra pela pia e chegue à rede de esgoto, além de poder entupir a tubulação, pode poluir rios e solos.

Como fazer e aOnde levar

Para evitar entupir as tubulações da sua casa, sobrecarregar o sistema de esgoto e, de quebra, ainda evitar que um produto que não se mistura com a água vá parar nos rios, os moradores devem separar o óleo de cozinha usado. As garrafas PET são considerados recipientes adequados para a armazenagem. Depois de encher a garrafa, leve até um terminal de transporte coletivo em Curitiba. No site da prefeitura (www.curitiba.pr.gov.br) está disponível o calendário de entregas de lixo tóxico. Também nos pontos do Câmbio Verde, em que produtos recicláveis são trocados por comida, é possível levar o óleo. Algumas empresas, como lanchonetes e mercados, têm ponto de coleta. O produto é reaproveitado na fabricação de detergentes, sabão, biodiesel e tintas.

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