• Carregando...
Seu Coelho na porta da loja que gerencia há cinco décadas: simpatia é o diferencial | Henry Milléo/Gazeta do Povo
Seu Coelho na porta da loja que gerencia há cinco décadas: simpatia é o diferencial| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Atendimento

Clientes são tratados como amigos e não consumidores

Presente todos os dias na loja, Seu Coelho não tem pressa e atende cada cliente que chega pelo nome, com a conversa de quem já é amigo. "Nós temos um atendimento diferenciado e acho que é esse o segredo. Eu comecei arriscando e graças a um bom trabalho consegui sobreviver, porque tivemos momentos bem difíceis, como na época do Plano Collor", lembra o comerciante.

Todos os dias passam pela Loja Coelho personalidades que fizeram história na vida política de Curitiba, dirigentes de clubes de futebol da capital e grandes empresários. E Seu Coelho sabe a história de cada um deles, como uma enciclopédia de pessoas. "Esse aqui já foi presidente do INSS", fala o lojista sobre Fernando Fontana, o advogado de 75 anos que tirou um tempo para comprar uma gravata e trocar palavras na loja da Senador Alencar Guimarães.

Fontana é cliente há 40 anos e conta que já comprou camisas, lenços, echarpes, sapatos, além, é claro, de gravatas. "As coisas aqui são muito bem selecionadas e o preço é razoável. Todos os produtos refletem o bom gosto do Coelho", garante. (EM)

Onde fica

A Loja Coelho fica na Rua Senador Alencar Guimarães, 16, próximo à Praça Osório. Funciona de segunda a sexta, das 9 às 19 horas, e sábado, das 9 horas às 13h30. Telefone: (41) 3223-8962.

  • De meia a chapéu, comércio vende artigos para homens

Em um tempo onde a concentração do comércio de Curitiba se restringia à Rua XV de Novembro e às Praças Tiradentes e Generoso Mar­ques, um rapaz de 33 anos decidiu criar uma loja especializada em roupas e acessórios masculinos no arrabalde da Praça Osório. Não dava para dizer que a Rua Senador Alencar Guimarães estava a quilômetros de distância dos demais estabelecimentos comerciais da cidade, mas era o suficiente para deixar outros comerciantes locais espantados com a escolha. Talvez por teimosia ou por acreditar tanto na sua ideia foi que Carlos da Costa Coelho, hoje chamado Seu Coelho, não deu ouvidos à "experiência" de outros e em 1957 abriu as portas da Loja Coelho.

VÍDEO: Assista ao vídeo que mostra os 55 anos de tradição e estilo na Loja Coelho

"Naquele tempo, a rua era só de residências, então fomos o primeiro comércio daqui. Com o tempo, fomos crescendo e abrimos outras lojas na cidade com o mesmo nome. A da XV teve sucesso por 28 anos, mas tivemos que fechar", conta o fundador e até hoje responsável pela administração do estabelecimento.

Ali, no calçadão que liga a Osório à Rua Emiliano Perneta, são vendidos gravatas, chapéus, calçados, lenços, roupas, bengalas e outros acessórios. "Tudo o que um homem precisa para se vestir elegantemente tem aqui, desde a meia até a cueca", fala Seu Coelho. Hoje, a loja já disponibiliza alguns produtos para senhoras também, como lenços, echarpes e sombrinhas.

Viagem no tempo

Mantida em funcionamento exatamente da mesma maneira há quase 56 anos, a Loja Coelho é um convite a uma parada no tempo e funciona quase como um museu. Os móveis, feitos sob medida para sua inauguração, suportam não só os artigos à venda, mas também objetos de decoração adquiridos ao longo do tempo nas viagens de Seu Coelho, que sabe exatamente onde está cada quadro, cada miniatura ou bibelô.

Com o atendimento cuidadoso, a loja conquistou clientes fiéis que muitas vezes fizeram da compra de roupas e artigos de vestuário uma tradição passada para filhos e netos. "Temos uma freguesia tradicional. Ninguém vem comprar aqui porque passou em frente à loja e viu que tinha um produto, mas todo dia tem cliente novo. Isso acontece porque um conta para o outro e quem vem já sabe o que vendemos."

Ao longo das cinco décadas de vendas de chapéus e gravatas, milhares de rostos conhecidos ou não passaram por aquelas portas de vidro. "Para mim todos são famosos, importantes, mas já vieram comprar aqui secretários, ministros e até o Juscelino Kubitschek, logo depois que deixou a presidência. Sem contar nos que entram, compram e vão embora sem dizer que cargo ocupam."

E mesmo com 88 anos é ele ainda quem faz as compras, treina os funcionários e administra o que pode. Sempre com muita elegância e a confirmação de que o negócio deu certo. "Todas as outras lojas do ramo na cidade fecharam, sem contar nos amigos de outros estados que abriram um comércio como este junto comigo e que hoje as lojas já não existem mais", diz Seu Coelho, que promete trabalhar enquanto tiver vida na "loja para homens", como diz o letreiro na porta.

(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) {return;} js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = "//connect.facebook.net/pt_BR/all.js#appId=254792324559375&xfbml=1"; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs); }(document, 'script', 'facebook-jssdk'));

Vida e Cidadania | 2:52

Roupas, chapéus, bengalas, sapatos e uma decoração particular fazem do espaço próximo à Praça Osório, no Centro de Curitiba, um lugar único. O comércio vira museu e convida para um olhar mais demorado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]