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IMIGRAÇÃO

Uma longa viagem dos alemães até o Paraná

Primeira escola de jardim de infância em Curitiba foi criada por alemães, como forma de preservar a língua e a vida cultural do país de origem | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Primeira escola de jardim de infância em Curitiba foi criada por alemães, como forma de preservar a língua e a vida cultural do país de origem (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)
Construção que atendeu crianças alemãs existe até hoje nas proximidades do Shopping Mueller |

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Construção que atendeu crianças alemãs existe até hoje nas proximidades do Shopping Mueller

Bucovinos, do Volga, de Trier, menonitas. Que alemães eram esses que imigraram no século 19 ao Sul do Brasil com características tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas entre si? Fruto de um período em que o Estado alemão ainda não havia se formado, esses grupos levaram o nome das regiões onde viviam e também carregaram, na bagagem, histórias de perseguições, cárceres e isolamento – acontecimentos narrados no livro recém-lançado Imigração Alemã no Paraná, escrito pelo pesquisador Alfred Pauls e historiadores.

A Alemanha, nessa época, era uma confederação germânica liderada pela Prússia e Áustria. Foi o último país europeu a virar Estado autônomo, em 1871, logo depois da Itália. Mas, antes de formarem um país independente, as pequenas regiões que comporiam a atual Alemanha enfrentaram crises que obrigaram parte de sua população a migrar.

No século 18, houve uma redução da taxa de mortalidade, o que agravou a distribuição de terras entre as famílias. E, com a Revolução Industrial, as famílias que viviam da indústria caseira da tecelagem entraram em crise e tiveram de buscar outros países onde pudessem manter o trabalho que sabiam desenvolver. Não bastasse isso, luteranos e menonitas não queriam servir ao Exército – não admitiam ter de matar por uma questão de fé. A eles, não restou outra alternativa, a não ser migrar.

Parte desses alemães migrou para a Rússia a convite da czarina Catarina II, a Grande, com promessas de serem dispensados do Exército e viverem em regiões isoladas e com autonomia. Os menonitas ocuparam desde a Ucrânia até a Sibéria. O nome vem de Menno Simons, sacerdote holandês que, ao reconhecer o valor da legitimidade do movimento restaurador da fé cristã, transformou-se em um dos maiores líderes desse movimento.

Outro grupo que migrou para a Rússia foram os alemães que ocuparam a região do Médio e Baixo Volga, por isso são conhecidos como alemães do Volga, ou teuto-russos.

Guerra civil

Quando eclodiu a guerra civil russa, as perseguições a esses grupos – menonitas e do Volga – começaram a surgir. Os comunistas mataram, torturaram e colocaram muitos deles em campos de trabalho forçado. Em 1929, o governo comunista chegou ao extremo de desapropriar-lhes as terras.

Desses, 5,7 mil conseguiram escapar das perseguições e a maioria veio ao Brasil a convite de D. Pedro II. Os menonitas vieram ao Brasil com a ajuda da Alemanha, pela companhia colonizadora chamada Hanseática, que havia adquirido grandes áreas montanhosas em Joinville. Ali eles criaram a colônia de Witmarsum, que depois virou cidade.

Outra parte veio ao Pa­­ra­­ná e aqui criou a colônia Witmarsum, nos Campos Gerais. Os do Volga montaram a Colônia Mariental na Lapa (PR) e foram também para as regiões de Palmeira e Ponta Grossa, onde formaram distintos núcleos como o de Pugas, de Quero-Quero e de Johannesdorf.

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