A próxima edição da revista Isto É Dinheiro trará a Coopavel, de Cascavel, no primeiro lugar no ranking das melhores empresas do agronegócio brasileiro. O presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, receberá o certificado no dia 15, em São Paulo. "É o reconhecimento de um trabalho de muitos anos", afirma Grolli. De fato. Mas é também um prêmio ao que Cascavel – e toda a Região Oeste do estado – tem de melhor: a força do agronegócio. A cidade será sede da quinta etapa do Fórum Futuro 10 Paraná, na próxima quinta-feira. Iniciativa da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) em parceria com diversas instituições, o fórum tem como objetivo construir um plano de desenvolvimento para o estado.

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Os negócios resultantes da agricultura e da pecuária moldaram a face de Cascavel, município criado em 1951, desmembrado de Foz do Iguaçu. Nos anos 1970, os agricultores da região, que até então plantavam apenas para subsistência ou para abastecer o comércio local, começaram a se associar em cooperativas. Foi quando surgiu a Coopavel, que reuniu produtores de milho, trigo e soja. Nos anos 1990 veio o grande salto da agregação de valor.

De simples produtora de grãos, em 20 anos a Coopavel se transformou em uma agroindústria que hoje coloca 200 produtos com sua marca – derivados de leite, suínos e aves – nos supermercados. Seu parque industrial abate 1,5 mil porcos e 150 mil aves por dia. A área de laticínios recebe 20 milhões de litros por ano. Esse movimento gerou um faturamento de R$ 773 milhões no ano passado, com um lucro de R$ 31 milhões. Na matemática do presidente Dilvo Grolli, os benefícios da agregação de valor estão mais do que comprovados. A exportação de uma tonelada de soja, por exemplo, rende cerca de US$ 220. Uma tonelada de milho, US$ 110. Enquanto isso, uma tonelada de frango inteiro – alimentado com derivados de milho – paga de US$ 800 a US$ 1 mil. Se for frango em corte, o valor da tonelada pode chegar a US$ 2,5 mil. Exemplos semelhantes têm outras grandes cooperativas da região, como a Copacol, de Cafelândia, a Copagril, de Marechal Cândido Rondon, a Cevale, de Palotina e a Lar, de Medianeira. "Tudo isso com a vantagem de que o dinheiro das cooperativas fica aqui mesmo na região", diz Grolli.

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Serviços

O dinheiro que fica na região ajudou a fazer de Cascavel, por exemplo, um pólo estadual na área de serviços. A cidade tem uma grande concentração de seguradoras, para atender às cooperativas da região e seus fornecedores e também ao país. "Caminhoneiros, por exemplo, temos 5 mil", calcula Valdinei Antônio da Silva, vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (Acic). "É muito seguro a ser feito." A localização do município, no entroncamento das rodovias BR-277, 369, 467 e 182, também contribui. "Quem vai para o Norte ou para o Sul do Brasil não tem outro caminho", diz Silva. "Tem de passar por aqui."

Quem passa pela Região Oeste do estado também não pode ignorar a Unioeste, universidade estadual criada em 1987 que tem cerca de 25 mil alunos. A instituição já nasceu com vocação regional: é resultado da fusão de faculdades municipais de Cascavel, Foz do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon e Toledo. Em 2000, incluiu em sua estrutura o Hospital Universitário do Oeste do Paraná, o maior hospital público das regiões Oeste e Sudoeste estado, atende a uma população estimada em 2 milhões de pessoas, de 92 municípios.

O orçamento da Unioeste, de cerca de R$ 70 milhões anuais, ajuda a movimentar a economia regional. Em Marechal Cândido Rondon, por exemplo, onde a universidade tem uma de suas cinco instalações, uma greve de professores e funcionários fez cair em 40% a arrecadação de impostos municipais. "O vínculo com as comunidades é enorme", reconhece o reitor Alcibiades Luiz Orlando. "E a Unioste está sabendo dar sua contribuição para o desenvolvimento regional."

Para o prefeito Lísias Tomé, de Cascavel, o potencial do município é claro. "Temos um setor de construção civil muito forte, uma agroindústria em franca expansão, assim como avanços notáveis na área de prestação de serviços", diz ele. "Para que o desenvolvimento venha é preciso somar forças, do poder público à iniciativa privada."

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