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Demanda por mergulhos é alta
Apesar de enormes buracos terem se aberto no convés, as paredes de metal terem afundado e o casco estar coberto de estrias de ferrugem, o apelo ainda é grande o suficiente para suscitar mergulhos repetidos. Dizem que James Cameron, diretor do blockbluster "Titanic", já fez o mergulho mais de 2 dúzias de vezes.
Outros terão de se contentar com um único olhar. De fato, tantos turistas querem ver o Titanic que a Deep Ocean Expeditions, a única companhia atualmente oferecendo tal mergulho, aumentou o número de cruzeiros planejados de 2 para 4, e considera ainda um quinto.
A demanda pelos tours permanece alta por causa da baixa frequência das expedições: a última foi em 2005. E turistas fazem fila, apesar do aumento brusco de preços: em 1998, a companhia cobrava US$ 32,5 mil; hoje, ela vende a mesma experiência por US$ 59.680. "Subiu bastante", diz Mike McDowell, fundador da Deep Ocean Expeditions e astro do turismo de aventura. Ele justificou o aumento pela alta do preço dos combustíveis e outros fatores.
As expedições são vendidas como pacotes de luxo, com duração de duas semanas, partindo de St. Johns, em Newfoundland. São oferecidas palestras com especialistas e "cozinha cinco estrelas". Durante o mergulho, os visitantes veem não somente os restos do navio, mas também um desfile de vida marinha bizarra. Peixes espectrais passam nadando, com suas caudas longas e sinuosas. Anêmonas marinhas oscilam longos tentáculos nas correntes para capturar sua próxima refeição enquanto caranguejos procuram presas suculentas.
A pessoa desce, desce e desce, durante duas horas e meia, em um minúsculo minissubmarino, até o fundo do Oceano Atlântico. Tudo isso para dar uma rápida olhada, através de uma pequena "janela" de cerca de 20 centímetros, nos restos deteriorados daquilo que já foi um grandioso navio, onde alguns membros das famílias Astor e Straus jogaram, jantaram e morreram.A viagem não é nem para os claustrofóbicos, nem para muitos dos possíveis interessados: um cruzeiro de duas semanas que inclui um mergulho, com a duração de 10 horas, custa US$ 60 mil. Mas, para fãs do Titanic, nenhum preço ou privação é grande demais especialmente com a proximidade do aniversário de 100 anos do afundamento do navio, no dia 15 de abril do ano que vem.
"Esta é uma oportunidade única na vida", disse Renata Rojas, bancária da cidade de Nova York, sobre o mergulho de mais de 3 quilômetros rumo ao lodoso solo oceânico. "Eu sou obcecada com o Titanic desde que tinha 10 anos de idade".
Com o centenário à vista, espera-se que pelo menos 80 pessoas mergulhem até o local do naufrágio, segundo a companhia que gerencia as viagens, a Deep Ocean Expeditions.
E, embora o "mergulho" seja a forma mais extrema de relembrar a data, há uma miríade de outras atividades disponíveis a turistas, entre elas viagens de cruzeiro que navegam até o exato ponto do Atlântico onde os mais de 1,5 mil passageiros do Titanic se afogaram; jantares que serão organizados com temática baseada no naufrágio (com guardanapos com a bandeira da White Star Line) nos quais as pessoas serão bem-vindas para se vestirem como oficiais, membros da tripulação ou passageiros para "criar o ambiente de uma festiva viagem inaugural". Também já estão disponíveis livros e joias comemorativos ao centenário, entre outras memorabilias.
Submarino
Agora, quanto à visita submarina ao próprio navio, a próxima viagem pode ser a última chance de ser ver o Titanic no minissubmarino. Embora as viagens de mergulho tenham sido oferecidas esporadicamente para turistas dispostos a pagar por ela, desde que o naufrágio foi descoberto em 1985, a Deep Ocean Expeditions diz planejar a descontinuação permanente dos tours ao navio, uma grande decepção para as futuras gerações de devotos ao Titanic e a Leonardo DiCaprio, que protagonizou o filme sobre o naufrágio. "Este é o nosso último ano de operações com passageiros", disse Rob McCallum, chefe da expedição. "Não vamos descer ao Titanic de novo."
Apesar do fim das descidas com o minissubmarino, a promessa da empresa, para o próximo verão, é de que os passageiros possam ganhar outro meio, mais moderno que o atual, de chegar ao Titanic: um submarino russo Mir ("paz"), capaz de suportar as pressões esmagadoras das profundezas. Dentro dele, um piloto e dois turistas ocupariam um espaço com menos de 2 metros de largura, vestindo várias camadas de roupa para suportar o frio.
"O Mir poderá descer até o topo do naufrágio para observar a caverna onde havia a grande e famosa escadaria do Titanic", promete a Deep Ocean Expeditions em seu site. "Você também terá tempo para explorar as icônicas áreas de lazer e da ponte de comando."
Centenário é ameaça a patrimônio submerso
A viagem submarina ao Titanic também tem seus riscos. Duas pessoas já morreram em um submarino que ficou preso em um naufrágio na Flórida, nos Estados Unidos. Além disso, cientistas e estudiosos têm se preocupado com novos danos causados ao famoso navio e com as desonras a um cemitério marinho repleto de pertences das tantas pessoas que se afogaram. No entanto, eles veem o centenário não somente como uma ameaça em potencial, mas também como uma oportunidade para fazer lobby a favor de um acordo global que estabeleça regras para a proteção do Titanic.
"Precisamos de um acordo básico", disse James P. Delgado, diretor de herança marítima na Administração Nacional do Oceano e da Atmosfera [NOAA na sigla em inglês], que monitora os resquícios do naufrágio.
O local já está bastante cheio de detritos. Cruzeiros que passam por ali despejam latas de cerveja e sacos de lixo. No solo oceânico, os minissubmarinos armaram placas in memoriam com flores artificiais. Por vezes, os submarinos também esbarraram acidentalmente no naufrágio, cada vez mais fragilizado.
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