Os abrigos estão cheios, mas nem todas as crianças são “adotáveis”| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

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Informações sobre o 5º Encontro Nacional de Adoção no site www.adocaoconsciente.org.br

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Hália Pauliv de Souza tornou-se mãe adotiva de duas meninas na década de 1970. Superou o preconceito que havia em torno da adoção. "Diziam que a adoção era caridade, para se ganhar um lugar no céu e que as crianças tinham sangue ruim", relembra. Com décadas de experiência, a senhora de cabelos brancos se tornou uma militante do tema, com vários livros publicados. Também fundou o Grupo de Apoio à Adoção Consciente, que prepara pretendentes à adoção. Otimista, ela vê motivos de sobra para comemorar o Dia Nacional da Adoção, celebrado neste 25 de maio. No próximo fim de semana, o grupo promove, em Curitiba, o 5.º Encontro Nacional da Adoção.

O Paraná tem mais de 3,5 mil crianças em casas de acolhimento. Por que não se consegue encaminhá-las à adoção?

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Perto de 10% das crianças abrigadas estão destituídas do poder familiar e podem ser encaminhadas à adoção. As demais têm família ou estão acolhidas como medida de proteção, pois têm pais dependentes químicos, sofriam maus tratos, violência física ou sexual. As instituições estão cheias, mas nem todas as crianças são "adotáveis".

A senhora considera que tem havido demora das autoridades em destituir o poder familiar?

Há pouca gente da área técnica – como psicólogos – para muitos procedimentos. Mas a demora também garante segurança no procedimento. Se a gente faz um processo a toque de caixa, a mãe biológica pode se arrepender. E daí? Vai tirar a criança da família adotiva?

Mas com isso as crianças envelhecem e as chances de adoção diminuem...

É muito difícil para a criança. A lei exige rapidez, mas nem sempre isso é possível. Temos o lado da criança, que cresce nos abrigos, e o lado da Justiça, que precisa fazer um trabalho bem feito. Ninguém quer segurar uma criança numa instituição.

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Como sensibilizar os adotantes a optarem por crianças que não sejam mais bebês ou que já sejam adolescentes?

O nosso grupo e a equipe técnica do Judiciário têm feito um trabalho muito forte no curso de preparação para reverter esta barreira cultural.

Ainda existe muito preconceito em torno da adoção?

Sutilmente, ainda existe. Numa matéria de jornal, por exemplo, ainda se diz "filho adotivo de fulano fez tal coisa". Nunca se diz "filho biológico fez". Mas antigamente era escancarado. Diziam que a adoção era caridade, para se ganhar um lugar no céu e que as crianças tinham sangue ruim.

Nós temos motivos para comemorar o Dia Nacional da Adoção?

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Temos. Eu fui mãe adotiva nos anos 1970 e a realidade era outra. Tinha preconceito, não havia preparação dos pretendentes. Com a atualização da lei, em 2009, melhorou muito. Nessa data se motiva as pessoas a pensarem sobre a adoção e se estimula as famílias a pensarem se, no seu coração, tem um lugarzinho para mais um filho.