A Universidade Estadual Paulista (Unesp) abriu nesta segunda-feira (27) um processo de investigação para apurar a autoria de pichações racistas contra alunos e um professor negro no banheiro masculino da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) do câmpus de Bauru, no interior de São Paulo.
De acordo com nota divulgada pela instituição, serão levantadas informações sobre as pessoas que tiveram acesso ao local no período em que as inscrições foram feitas. Também foram feitos registros fotográficos para comprovar o teor ofensivo das pichações.
Na sexta-feira (24), estudantes encontraram as paredes internas do banheiro pichadas com frases como “Negras fedem” e “Unesp cheia de macacos fedidos”. Os insultos foram dirigidos também contra o professor Juarez Tadeu de Paula Xavier, coordenador do Núcleo Negro de Pesquisa e Extensão da Unesp, com a frase “Juarez macaco”.
No sábado (25), além de apagar as pichações ofensivas, um grupo de alunos fixou cartazes na entrada dos banheiros com mensagens de apoio ao professor e aos estudantes negros.
Xavier tirou fotos das pichações e levou o fato ao conhecimento da direção do câmpus. Ele também postou as fotos em sua página em uma rede social, lamentando esse tipo de ação especialmente em uma universidade pública.
“Nos últimos anos, principalmente agora em 2015, o número de negros na Unesp aumentou bastante, impulsionado pelas cotas sociais e raciais. Hoje, temos até um núcleo de pesquisa. Tenho a impressão de que isso tem incomodado”, disse. Segundo ele, o fato deve servir para aprofundar a discussão sobre as questões raciais no País.
A Unesp repudiou as pichações racistas e informou contar com um grupo de prevenção da violência que atua na conscientização da comunidade e no fomento dos direitos humanos. No dia 12 de agosto, o Observatório de Educação em Direitos Humanos da Unesp já tinha programada uma assembleia aberta com o tema “Universidade, violências e Direitos Humanos”, em que o racismo será uma das discussões.
De acordo com a Unesp, ainda nesta segunda-feira, a direção da faculdade começa a ouvir alunos e funcionários em busca de provas da autoria. Se identificados, os autores da pichação serão responsabilizados por infração ao regimento geral da instituição, o que pode levar a sanções que vão de advertência legal ao desligamento da instituição.
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