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Único sobrevivente de acidente aéreo diz não ter traumas

O Cessna com quatro pessoas caiu sobre duas casas em Curitiba | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O Cessna com quatro pessoas caiu sobre duas casas em Curitiba (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O empresário Hélio Corrêa, 33 anos, faz parte de um grupo seleto: o de sobreviventes de acidentes aéreos. O recifense veio ao Paraná a trabalho e foi o único a sair com vida do monomotor Cessna 177, que caiu com quatro pessoas sobre uma casa no fim de agosto, no bairro Bacacheri, em Curitiba.

Corrêa estava na capital para encontrar seu sócio, Mounir Brahum, de 48 anos. Da capital, iriam de carro fazer uma visita a uma fábrica de asfalto em Londrina, no Norte do Paraná. "Achei que iria de carro, mas no último minuto recebemos uma ligação de um amigo do Brahum, oferecendo uma carona no avião", conta.

Ele e o sócio chegaram ao aeroporto por volta das 12h30. Conversavam amenidades enquanto o piloto do Cessna abastecia. Nas mãos, carregavam apenas uma mala, notebook e alguns documentos de trabalho. Depois de 40 minutos, foram avisados de que o monomotor, com quatro lugares, estava pronto para decolar. Corrêa sentou atrás do piloto. Seu sócio ficou ao lado. O amigo que ofereceu a carona, Silvio Romanelli, de 52 anos, assumiu a posição de copiloto.

Tudo parecia normal às 13h30 daquele sábado até que dois minutos depois da decolagem o piloto Cleber Luciano Gomes, 32 anos, o deixou assustado ao dizer: "Pessoal, estamos com problemas". A partir daí, Corrêa não lembra de mais nada. "Parece que há um bloqueio."

O piloto e Romanelli morreram na hora. Brahum morreu no dia seguinte.

Sem trauma

Corrêa sofreu fraturas múltiplas no tórax, coluna, face e pélvis. "Só fui acordar três dias depois no Hospital do Trabalhador", relembra.

De lá para cá, perdeu dez quilos, fez seis cirurgias e sessões diárias de fisioterapia, e limitou-se a uma cadeira de rodas por três meses. O empresário alugou carro e uma casa no bairro Mercês, para receber a família. "Foi tudo muito caro, mas eu precisava me recuperar", conta.

Apesar da gravidade da situação, Corrêa tenta encarar o ocorrido com naturalidade. "Não fiquei com trauma ou qualquer coisa do tipo. Foi um imprevisto." No fim de outubro, parcialmente recuperado e andando, voltou para o Recife de avião. "Não tenho medo de voar", diz, alegre.

Investigação

As investigações sobre a queda estão sendo feitas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O resultado só será divulgado em dezembro. O avião não tinha caixa preta.

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