Foz do Iguaçu – A instalação da Universidade do Mercosul (Unimercosul) na tríplice fronteira será uma alternativa para o desenvolvimento da região, que reúne cerca de 800 mil habitantes do Brasil, Paraguai e Argentina e conta com apenas uma faculdade e duas universidades públicas.

CARREGANDO :)

Levantamento realizado este ano pela prefeitura de Foz do Iguaçu, por meio do Censo Social, indica que há 11.699 alunos matriculados no ensino superior no município, 14.130 no ensino médio e outros 3.262 nos cursos de pós e médio profissionalizantes.

Oito instituições oferecem cursos superiores na cidade, das quais apenas uma é pública, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), com 1.892 alunos. Em Ciudad del Este, no Paraguai, a situação não é diferente, embora haja mais vagas públicas do que em Foz: são oito universidades particulares e apenas uma pública, a Universidade Nacional (UNE), que concentra 8 mil alunos. Puerto Iguazú, na Argentina, conta com uma faculdade tecnológica pública com cursos de Turismo, Gastronomia e Hotelaria, com 387 alunos.

Publicidade

Para o sociólogo e professor da Unioeste, José Afonso de Oliveira, existe uma demanda educacional reprimida em Foz do Iguaçu pela pequena oferta de cursos técnicos e superiores públicos que poderiam absorver a mão-de-obra ligada ao comércio informal no Paraguai. "Uma das grandes saídas para a cidade é investir no setor de educação", diz. Segundo ele, a cidade tem potencial para expandir o setor de turismo, hotelaria e a área ambiental. Na visão de Oliveira, há demanda para cursos em faculdades públicas nas áreas de Comércio Exterior, Direito, Engenharia Ambiental, cursos de tecnologia, além de Sociologia.

A pedagoga e Secretária Municipal de Educação, Maria Benardete Sidor, diz que, além da graduação, há necessidade de se expandir a oferta de pós-graduação na região, incluindo cursos de especialização, mestrados e doutorados em todas as áreas. "Temos carência de mestres e doutores nos quadros docentes", diz.

Atualmente, a inexistência de mestrados e doutorados em Foz do Iguaçu está levando alunos brasileiros a cruzar a fronteira para fazer o curso em faculdades particulares do Paraguai – nas áreas de Administração, Antropologia e Educação – que se associam a universidades brasileiras. No entanto, segundo o MEC, a validação do diploma não é automática e o trâmite é demorado.

Uma pesquisa realizada em 2004 em 15 municípios brasileiros, paraguaios e argentinos revelou que a vocação da região passa pelas áreas de Agronegócio, Energia, Turismo e Eletroeletrônica. Também foram mapeadas 17 áreas do conhecimento de interesse para o desenvolvimento sustentável da região: Agronomia, Turismo, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Biologia, Ecologia, Genética, Bioquímica, Engenharia (de Materiais, de Produção, Elétrica, Mecânica, Química, Sanitária, Agrícola e Floretal), Ciências da Computação, Física e Química.

As instalações do Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), situado junto à Itaipu Binacional, já foram aprovadas pelo presidente Lula para abrigar a Unimercosul. Segundo o diretor-superintendente da Fundação PTI, Juan Carlos Sotuyo, a carta de intenções do PTI – fundado em 2003 – já mostrava que o parque deveria incorporar atividades do Brasil, Paraguai e Argentina, além de outros países do Mercosul.

Publicidade

Para Sotuyo, o PTI oferece infra-estrutura adequada, que já está pronta para ser usada. O parque reúne incubadoras empresariais na área tecnológica e tornou-se sede dos cursos de Ciências Exatas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) – Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, Matemática e Ciências da Computação. Também dispõe de projetos nas áreas de cultura, educação e turismo.