Acostumados ao sistema de mobilidade oferecido pela cidade, é comum que seus moradores tenham a percepção afetada não apenas pelo olhar já habituado, mas também pelos incômodos que se locomover, independentemente do modal usado, geralmente implica: congestionamento, estresse, acidentes. Por isso, a importância de um olhar estrangeiro sobre o já conhecido.
Com essa ideia, a escola de Arquitetura e Design da PUCPR organizou ontem o workshop "Carless Mobility", no qual 13 alunos e dois professores da Universidade de Montreal (UdeM) discutiram, junto com professores e alunos brasileiros, os problemas identificados nas ruas de Curitiba. Acompanhados pelos anfitriões, os canadenses puderam conhecer o transporte coletivo e a estrutura disponível para o uso da bicicleta. Depois, desenvolveram propostas de projetos e ações que pudessem melhorar o que viram.
"Conhecer visões diferentes foi enriquecedor. Também é incrível como, apesar das diferenças culturais, vivemos problemas muito parecidos no Canadá. As soluções também podem ser as mesmas", avalia Juliane Charbonneau, estudante da UdeM. Segundo ela, que usa bicicleta diariamente em Montreal, andar aqui foi mais difícil devido à sinalização e à qualidade das ciclovias, aspectos que devem ser melhorados para atrair novos ciclistas.
O engenheiro Márcio Teixeira, coordenador de mobilidade urbana do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), acompanhou a exposição das soluções. "É importante para o poder público conhecer a percepção que moradores e visitantes têm de Curitiba e a forma como enxergam alguns equipamentos da cidade."
Entre os problemas apontados pelos alunos, Teixeira destacou a necessidade de um sistema de informação mais eficaz e interessante para atender aos usuários do transporte público, falha identificada por um dos grupos. A solução proposta é relativamente simples: equipar estações tubos e paradas de ônibus com mapas e informações sobre o que a região oferece lazer, alimentação, transporte.Para Teixeira, o intercâmbio de ideias sobre o sistema de mobilidade é sempre válido, mas nem todas as soluções são de fácil aplicação, principalmente aquelas que implicam a segregação de modais. "Não podemos radicalizar na segregação, porque temos usuários de todos os modais e suas necessidades devem ser respeitadas. Quando o projeto gera uma segregação muito radical, tende a não ser tão bem aceito."
Veja o que o grupo de canadenses achou do sistema de mobilidade de Curitiba, quais problemas enxergaram e quais sugestões sugeriram:
O problema: o espaço público não é compartilhado.
A solução: com o slogan "Compartilhe a rua, compartilhe a experiência", o projeto propõe uma campanha publicitária educativa sobre o compartilhamento do espaço público, não apenas para conscientizar os usuários, mas para incentivar uma experiência positiva e conjunta do trânsito. A ideia é que pedestres, ciclistas e motoristas utilizem o adesivo da campanha, cuja mensagem é, basicamente, "eu respeito e divido esse espaço com você".
O problema: a bicicleta não tem vez A solução: da percepção de que a bicicleta não é usada tanto quanto poderia, seja pela malha cicloviária pouco eficiente e insegura, seja pela onipresença dos carros, surgiu a ideia de um aplicativo no qual os usuários se desafiam uns aos outros a realizar alguma atividade a bordo da bike. A proposta é simpática: em tempos de selfies, o desafiado não apenas realiza a tarefa, mas fotografa a ação para postar na rede e desafiar o próximo. A criação de uma "rede social bicicleteira" encorajaria outras pessoas a aderir à cultura da bike.O problema: sistemas modais não são conectados
A solução: a proposta mais ousada prevê a transformação de vias de duas pistas em "ruas ecológicas", nas quais circulariam apenas pedestres, ônibus e bicicleta. Faixas coloridas ou tartarugas marcariam as zonas designadas para cada modal. Nessas ruas, somente moradores e comerciantes teriam autorização para circular de carro. A solução exigiria adaptações estruturais mínimas, mas implicaria em alterações no fluxo de carros.
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