Depois que estudantes e entidades médicas denunciaram irregularidades na distribuição de vagas no processo seletivo de 2025 para residência médica da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, o processo seletivo foi anulado. As informações foram publicadas pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da universidade na noite dessa segunda-feira (28) com novo calendário.
De acordo com o documento, foram anulados 10 editais referentes à seleção pública para preenchimento das vagas nas Residências de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia, Multiprofissional Saúde da Família e Multiprofissional Saúde da Mulher. Além deles, outros 11 editais referentes aos critérios para cotas, distribuição das vagas por área e convocação para entrevistas também foram desconsiderados.
“Aos candidatos inscritos é assegurado o direito de inscrição na próxima seleção pública a ser aberta para as mesmas áreas, mediante aproveitamento do pagamento do valor da inscrição já efetuado e cuja seleção observará as regras e critérios dos novos Editais”, informou o comunicado. As novas regras serão divulgadas na próxima terça-feira, 5 de novembro.
Segundo a universidade, a decisão atende recomendação da Procuradoria Jurídica (PJU), que apontou ajustes nos procedimentos de seleção. A instituição de ensino ressaltou ainda seu compromisso em garantir o direito à ampla concorrência de todos os inscritos, assim como o cumprimento da legislação referente aos cotistas.
"A UEL é pioneira na implantação de cotas raciais e sociais na graduação, há 20 anos, tendo implantado em 2021 as ações afirmativas, com reserva de vagas nos cursos de mestrado e doutorado", informou em nota enviada nesta terça-feira (29).
Edital anulado reservava até 100% de vagas para cotistas
Nos editais anteriores, 100% das vagas em Oftalmologia, Dermatologia, Psiquiatria e Cirurgia do Aparelho Digestivo estavam reservadas exclusivamente para alunos negros, pessoas com deficiência (PcDs) e indígenas, o que causou espanto na comunidade médica e indignação de professores e candidatos.
Afinal, “quem se inscreveria para um curso que não pode usufruir da vaga?”, questionou o o estudante Alexandre Wilton Bissoli Júnior, do 6º ano de Medicina. As irregularidades também foram apontadas por membros do Conselho Federal de Medicina pelo Paraná (CFM-PR), da Associação Médica Brasileira, Associação dos Estudantes de Medicina do Paraná (Aemed-PR) e outras entidades.
Universidade citou algoritmo para explicar vagas exclusivas para cotistas
Em nota enviada à Gazeta do Povo na semana passada, a universidade explicou que a recomendação do Ministério Público (MP) e da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Ministério da Educação, é de que 30% da totalidade das vagas a partir deste ano sejam destinadas para ações afirmativas. Por isso, a universidade usou um algoritmo para aplicar essas reservas às especialidades que receberam inscritos cotistas.
Segundo a UEL, das 31 especialidades médicas ofertadas, apenas nove tiveram inscrições de estudantes negros, indígenas ou PcD, então o algoritmo separou as vagas dessas modalidades para cotas, seguindo “critério objetivo, imparcial e impessoal”.
O método, no entanto, fez com que especialidades concorridas como Oftalmologia, Dermatologia, Psiquiatria e Cirurgia do Aparelho Digestivo tivessem a totalidade das vagas destinada aos cotistas. Além disso, Otorrinolaringologia, Anestesiologia, Cirurgia Geral, e Endocrinologia e Metabologia tiveram mais de 50% das vagas reservadas para esse fim.
Como ficam os valores que já foram pagos pelos candidatos?
No comunicado emitido pela universidade nessa segunda-feira (28), a instituição assegura que os candidatos que não desejarem ingressar novamente no processo seletivo serão ressarcidos.
“Fica assegurada a devolução do valor do preço público da inscrição, mediante requerimento específico”, garante a UEL, informando que as solicitações devem ser realizadas pelo e-mail residenciahuselecao@gmail.com.
As inscrições serão reabertas entre 19 e 25 de novembro, a convocação para entrevista dos candidatos pretos e pardos será dia 16 de novembro, e a prova objetiva ficou agendada para dia 12 de janeiro.
Deputado solicita esclarecimentos à universidade
Antes da anulação do processo seletivo, o deputado estadual Fabio Oliveira (PODE) solicitou esclarecimentos à universidade. O pedido foi protocolado na Assembleia Legislativa do Paraná na segunda-feira (28) e encaminhado à Reitora da UEL, Marta Regina Gimenez Favaro, e ao secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), Aldo Bona.
Segundo o deputado, a solicitação será mantida para que a UEL explique os motivos que levaram à publicação inicial e quem a autorizou. Para isso, o parlamentar ressalta que o fato não envolve a autonomia universitária e que os esclarecimentos devem ser prestados.
- As escolas cívico-militares na mira do STF e a educação com o cérebro
- Brasil Paralelo escancara situação atual das universidades em “Unitopia”
- Nikolas aciona PGR e deputados cobram explicações de dança erótica em universidade pública
- Pesquisas na pandemia valorizam universidades estaduais do PR em rankings internacionais
Sucesso do PSD nas eleições pressiona Kassab sobre apoio ao governo Lula em 2026
Cristina Graeml faz alertas ao campo da direita para 2026; acompanhe o Sem Rodeios
PL cresce 290% em prefeituras no RS e fortalece base para governo em 2026
Engeform e Kinea arrematam lote 1 de novas escolas no estado de São Paulo
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora