Um concurso para ingresso em uma turma de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, teve como etapa de avaliação uma “vivência” na qual os candidatos precisaram passar 19 dias ininterruptos no Instituto de Educação Josué de Castro, que é comandado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e funciona dentro de um assentamento.
Segundo o cronograma do edital, que foi lançado no final do ano passado, a vivência para 90 candidatos aconteceu entre os dias 25 de abril até 13 de maio. Ao final, 60 candidatos foram selecionados para iniciar o curso, criado especificamente para assentados da reforma agrária por solicitação do MST.
A abertura de turmas em universidades por solicitação de movimentos sociais é possível graças a um programa do governo federal instituído em 2010, durante o governo Lula (PT), chamado Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Segundo os termos do programa, o Colegiado de Coordenação dos cursos deve ser formado por lideranças de movimentos sociais junto aos coordenadores pedagógicos.
Aula sobre “relações capitalistas no campo” e carta sobre “vivências na luta pela terra” compõem a avaliação
O período dentro do assentamento do MST foi a segunda etapa de avaliação prevista no edital; a primeira consistia em uma “prova de redação” que, na prática, se resumia ao envio de uma carta em que o candidato deveria contar um relato de sua história de vida e, dentre outros pontos, mencionar suas “vivências relacionadas à luta pela terra” – um vínculo direto à participação em movimentos sociais.
O “relato de experiências” teve como peso de 30% da avaliação da redação, enquanto a comunicação escrita e a capacidade argumentativa tiveram 20% cada. Um detalhe: o edital destaca que não seria avaliada a norma culta na redação.
Já o tema de uma das aulas da “vivência” dentro do assentamento, num curso de Veterinária, foi: “A Questão Agrária no Brasil - a formação do latifúndio no Brasil e seu desenvolvimento histórico; as relações capitalistas de produção no campo brasileiro e a atualidade da questão agrária frente ao contexto do agronegócio”.
A UFPel é uma das universidades que mais abrem espaço para cursos demandados por lideranças do MST. Como mostrado pela Gazeta do Povo, no final de junho ativistas do movimento se reuniram com a Reitoria da instituição para pedir a abertura de uma turma de Medicina – o curso mais concorrido da universidade – exclusivo para assentados, sem a necessidade de vestibular. A Reitoria é favorável ao pedido e anunciou que a proposta caminhará “com a maior brevidade possível”.
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