Em razão da greve de professores e funcionários das universidades estaduais, algumas instituições já analisam a possibilidade de alterar as datas dos vestibulares. Nas sete instituições estaduais (Unespar, Uenp, Unicentro, Unioeste, UEPG, UEM e UEL), cerca de 8 mil professores e 9 mil funcionários estão de braços cruzados e a paralisação afeta mais de 105 mil alunos, considerando cursos de graduação e de pós-graduação.
Bloqueios na Sefa estão proibidos
O governo do estado anunciou no fim da tarde de quinta-feira (21) que obteve na Justiça ordem para a APP-Sindicato encerrar o bloqueio de acesso ao prédio da Secretaria da Fazenda (Sefa), no Centro de Curitiba, sob risco de multa diária de R$ 20 mil. A decisão é do juiz substituto Mário Dittrich Bilieri, do TJ-PR. O sindicato diz não ter sido notificado. O pedido de liminar partiu da Paraná Fomento, órgão do governo que funciona no mesmo prédio da Sefa e que alega ter tido prejuízo de R$ 1,2 milhão por causa do bloqueio da entrada do imóvel.
Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), as provas do vestibular normalmente são aplicadas entre novembro e dezembro, mas os próprios grevistas já sugeriram a suspensão das datas. Uma moção encabeçada pelos dois sindicatos de docentes e funcionários ligados à UEL foi entregue à Reitoria da instituição. Mas quem “bate o martelo” sobre a questão é o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da instituição, e até agora não houve deliberação sobre o tema.
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Leia a matéria completaUm dos argumentos dos grevistas da UEL para suspender as datas tem relação com a greve dos professores da rede estadual de ensino. Como cerca de 60% das pessoas aprovadas no vestibular da UEL vêm de escolas públicas, a ideia seria adaptar o vestibular ao calendário dos colégios estaduais. “Nossa intenção é evitar que o aluno da rede pública saia prejudicado”, enfatiza Nilson Magagnin, vice-presidente do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região).
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Leia a matéria completaNa Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), há entendimento semelhante. A instituição aguarda o fim da greve também na rede estadual de ensino para analisar a possibilidade de mudança no vestibular. A UEPG promove dois vestibulares por ano, em julho e em dezembro. O chamado “vestibular de inverno” por enquanto está garantido, mas os locais das provas podem ser modificados, já que a universidade normalmente utiliza os espaços das escolas estaduais, em 14 cidades, para aplicar os testes. As inscrições para o primeiro processo de seleção do ano na UEPG terminaram no último dia 13, com uma redução de 7% no número de concorrentes, em relação ao ano passado.
Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a Reitoria também já encaminhou ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão um pedido para que as datas dos vestibulares sejam analisadas a partir da greve. A instituição realiza dois vestibulares por ano, em julho e outro em dezembro. O conselho deve se reunir nos próximos dias para deliberar sobre o tema.
Na Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), um dos dois vestibulares da instituição pode ser cancelado, mas a possibilidade ainda está sendo analisada. Normalmente, a Unicentro faz dois vestibulares no ano, em agosto e em dezembro. Como as inscrições para o primeiro vestibular do ano deveriam começar em junho, a greve já pode ter afetado a realização das provas.
Na Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp) e na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), o vestibular não deve ser afetado. Na Uenp, há apenas uma seleção no fim do ano e a possibilidade de alterar a data não foi tratada na instituição. Na Unespar, o único vestibular do ano é realizado em outubro e, por enquanto, o calendário está mantido.
A reportagem não conseguiu contato nesta quinta-feira (21) com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).
Paralisação das instituições se assemelha à da rede estadual
A paralisação nas universidades estaduais seguiu caminho semelhante ao da greve nas escolas estaduais. Os 11 sindicatos ligados às setes instituições estaduais de ensino superior aprovaram a greve – em momentos distintos, mas próximos - por causa da votação, no Legislativo, do projeto de lei do Executivo que altera o fundo de previdência dos servidores, sancionado no último dia 30.
Em seguida, por causa da indefinição do governo estadual em torno da data-base dos servidores, as greves ganharam força nas universidades. Os sindicalistas agora cobram um índice de reajuste salarial de no mínimo 8,17%, correspondente à inflação, e atrelam o fim da greve a uma proposta do governo estadual que atenda o desejado pelos servidores. Toda a movimentação dos grevistas completa 26 dias nesta sexta-feira (22).
Já a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) pede o retorno dos docentes e funcionários ao trabalho e enfatiza a existência de uma liminar favorável ao governo estadual. No início de março, quando uma primeira paralisação foi aprovada nas universidades, o governo estadual obteve no Tribunal de Justiça do Paraná uma liminar, assinada pelo desembargador Luiz Mateus de Lima, na qual se determinava o fim da greve sob pena de multa diária de R$ 3 mil. No final de abril, em função da retomada da greve, o desembargador novamente se manifestou contra a paralisação, aumentando a multa diária para R$ 10 mil, em caso de desobediência. Sindicatos recorrem ao TJ contra a liminar.
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