Mobilização

Manifestantes farão passeata até o Palácio

Os sindicatos dos professores de universidades estaduais do Paraná programam para hoje a realização de uma passeata com cerca de 900 manifestantes em Curitiba, marcada para começar às 10 horas na Praça Santos Andrade e terminar em frente ao edifício da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e do Palácio Iguaçu, no Centro Cívico. Dezesseis ônibus foram contratados para trazer participantes provenientes do interior do Estado. Na Alep, representantes do movimento farão uma reunião com deputados da Comissão de Educação.

Nas outras cidades do estado, estão programados atos similares e a realização de palestras para os professores sobre previdência, saúde e questões relacionadas à autonomia das universidades. "Os professores não são irredutíveis ou inflexíveis. Queremos dialogar e, com isso, chegar a melhores condições de trabalho", considerou Marta Bellini, vice-presidente do Sesduem.

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Contratação

Para tentar resolver o problema, o governador Beto Richa, em uma reunião realizada ontem, que contou com a presença de reitores das universidades e faculdades estaduais, decidiu criar um grupo de trabalho para avaliar a disponibilidade financeira e orçamentária do estado para a apresentação de uma contraproposta de reajuste. A proposta, de acordo com Richa, deve ser feita "o mais rápido possível". Na ocasião, ele assinou ainda um decreto para a nomeação de 477 profissionais para reposição de pessoal nas instituições de ensino superior do Estado.

A paralisação dos professores de cinco universidades estaduais do Paraná marcada para hoje contará com protestos em várias cidades do estado, inclusive em frente do Palácio Iguaçu, em Curitiba. Essas instituições reúnem cerca de 8 mil docentes que representam 90% da categoria. Uma reunião marcada no mesmo dia entre o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Alípio Leal, e representantes sindicais tentará avançar nas negociações e impedir a ameaça de indicativo de greve caso não haja um acordo de reajuste salarial.

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O estopim do descontentamento dos professores aconteceu no início de fevereiro quando o governo confirmou que não seria possível dar um aumento de 9,62% em três parcelas em 2012, 2013 e 2014, conforme havia sido negociado com a Seti em 11 de novembro do ano passado. O acréscimo consertaria a defasagem de 31,73% que existe entre os salários dos docentes e dos técnicos administrativos de nível superior que trabalham nas instituições de ensino superior do estado. Segundo Leal, o governo havia se comprometido apenas a encaminhar a proposta às outras esferas de governo responsáveis por pagar a conta, mas os sindicatos não entenderam da mesma forma e já contavam com o aumento no primeiro trimestre deste ano.

O governo alega não ter dinheiro para atender às requisições dos professores sem ultrapassar os limites estabelecidos pela Lei da Responsabilidade Fiscal. "Não recusamos a proposta dos professores e queremos resolver a grande distorção que existe entre a carreira de professores e dos técnicos administrativos de nível superior. Só que não temos dinheiro no caixa para fazer isso neste momento porque ainda estamos trabalhando para corrigir as anomalias criadas no período anterior ao nosso governo", afirmou Leal. O problema da falta de dinheiro, de acordo com o secretário, não atinge apenas a intenção de aumentar os vencimentos dos professores, mas também o custeio das universidades. "O orçamento de 2010 para as universidades foi superestimado e tivemos de começar 2011 pagando as contas de 2010", acrescentou.

Os professores, no entanto, duvidam da falta de fôlego do governo para aumentar os salários. Apoiados em cálculos, confirmados pelo Dieese, de que o reajuste previsto no ano impactaria a parcela de 0,5% da receita líquida do Estado, eles exigem do governo mais seriedade nas negociações. "Não queremos entrar em um atrito desnecessário com o governo, mas o reajuste que pedimos é de justiça e, de acordo com dados do Dieese e de crescimento do Paraná, não desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal e não representaria um grande peso para o governo", argumenta Antônio Bosi, presidente do Adunioste, sindicato que reúne os professores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

Representantes de outros sindicatos, como o Sindiprol e do Sesduem, dos professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade Estadual de Maringá (UEM), respectivamente, confirmam que a greve será a única solução caso não seja firmado um acordo satisfatório com o governo. Além da Unioste, da UEL e da UEM participam da mobilização de hoje professores da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).