Paranacity – O assentamento modelo atrai a curiosidade de pessoas de todo o Brasil e também do exterior. As visitas de estudantes, empresários, autoridades e jornalistas são freqüentes. A estudante de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) Paula Camargo, 24 anos, passou uma semana de fevereiro no assentamento. "O interessante é a busca da interação em toda a propriedade", afirma. Ela faz seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a Copavi e planeja trabalhar com movimentos sociais.

CARREGANDO :)

O que chama atenção no assentamento é a aplicação técnica. A cooperativa tem seis graduados e seis formandos. Joelci Dannacena, 26 anos, está no quarto ano de Economia na Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde faz uma monografia sobre exportação, com intenção de aplicar o aprendizado na Copavi. Uma das opções é no secador de bananas, que já recebeu um prêmio tecnológico da Espanha, em 2000, está desativado atualmente. "Quero desenvolver um planejamento. Ás vezes, se tem recurso, mas não se tem idéia de como desenvolver", diz Joelci.

Um exemplo do desenvolvimento comunitário e político é Antônio Soares, 36 anos. "Sacola", como é chamado, é o presidente da Câmara de Vereadores de Paranacity. Ele foi reeleito vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2004, com 267 votos, já foi cogitado para ser vice-prefeito e há especulações sobre uma possível candidatura a prefeito, no futuro. Ele se destacou após atuar no setor de comércio da cooperativa e conheceu a comunidade na feira

Publicidade

Outro que ajudou a criar o assentamento foi Francisco Strozake, 65 anos. Ele já passou por diversos acampamentos e assentamentos do MST e vê no Santa Maria um modelo. "É um orgulho estar no MST e aqui. Não penso em sair de jeito nenhum." Ele tem oito filhos, todos criados "embaixo da lona" e dois formados – um Pedagogia e outro em Direito.

O primeiro graduado do assentamento é Élson Borges dos Santos. Ele é formado em Agronomia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e foi convidado em 2001 para ser secretário municipal de Agricultura em Maringá. Hoje, é um dos engenheiros agrônomos que participa de um convênio com o Incra, que dá assistência para 12 mil famílias de assentados no Paraná.

Quem também está feliz no assentamento é Cristina Santos, 13 anos. Ela cursa a oitava série em uma escola de Paranacity e participa à tarde das aulas de reforço escolar e ideológicas, numa casa do assentamento. "Prefiro viver aqui, onde tenho qualidade de vida. Na cidade tem muita violência", comprara a adolescente, que planeja estudar para trabalhar em movimentos sociais.

As aulas de reforço são aplicadas por Valdete Fritzhi, 20 anos, para 18 alunos entre 6 a 15 anos. Dois dias da semana são para as tarefas de casa da escola na cidade e três dias para atividades extra-curriculares e referências ideológicas, como a história de Karl Marx e Che Guevara. A professora diz que nota influência da vida urbana nas crianças do assentamento, que pedem roupas e cadernos caros, e que as aulas servem para combater o impulso negativo do consumismo nas crianças.

Publicidade