A falta de informação de pacientes sobre qual unidade buscar dentro Serviço Único de Saúde (SUS) quando a dor aperta é um dos principais motivos da superlotação dos setores de urgência e emergência de Curitiba. O reflexo disso são longas filas e muita demora até passar da cadeira de espera para a sala do médico. Estudo realizado em 2015 pelo Hospital Cajuru mostrou que, à época, 81% dos curitibanos não sabiam diferenciar as funções que cada instituição de saúde exerce dentro do SUS. E a situação não mudou muito de lá pra cá: atualmente, entre 60% e 70% dos 3,1 mil casos que passam diariamente pelas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Curitiba poderiam ser resolvidos em Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Mas, afinal, que unidade buscar para receber atendimento médico?
A dúvida voltou à tona essa semana, quando, nas redes sociais, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, respondeu a uma internauta que dor de garganta com febre não é caso para procurar uma UPA. A jovem questionou ter passado seis horas na unidade do Boqueirão até conseguir consulta médica. Porém, dentro dos protocolos médicos, o caso da mulher se encaixa como situação urgente, um dos focos de atendimentos das UPAs, unidades também voltadas a situações de emergência e pronto-atendimento.
“Essa é uma situação de urgência sem dúvida”, afirma o médico e diretor de urgência e emergência de Curitiba Vinícius Filipak. Ele pondera, no entanto, que problemas como dores de garganta, cabeça, nas costas, dor para urinar, incômodos abdominais e até mesmo sangramentos e contrações em gestantes podem ser atendidos sem nenhum prejuízo ao paciente também nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
“Nós designamos as Unidades Básicas de Saúde como a porta de entrada do sistema básico de saúde. Uma unidade de Pronto Atendimento é organizada a dar atendimento rápido para situações de maior gravidade. Casos de menor gravidade podem, sem prejuízo de qualidade e de segurança, ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde”, garante o médico.
Para esclarecer as dúvidas mais comuns dos usuários do SUS, o Hospital Cajuru chegou a elaborar uma cartilha com instruções sobre que tipo de serviço procurar de acordo com o problema apresentado. Confira alguns trechos:
Unidade Básica de Saúde (UBS)
Também conhecidas como “postinhos de saúde”, essas unidades são responsáveis pelos cuidados contínuos; promoção de campanhas de prevenção e vacinas; atendimentos gerais para gestantes, crianças e adultos; agendamentos de consultas com especialistas – tanto em ambulatórios especializados quanto em ambulatórios de hospitais que atendem ao SUS. O SUS em Curitiba conta com 109 UBS.
Unidade de Pronto Atendimento (UPA)
As UPAs oferecem assistência 24 horas por dia para casos clínicos de urgência e emergência – como pedras nos rins, dificuldades respiratórias, convulsões, dor abdominal e no peito, entre outros. Curitiba possui nove unidades desse tipo nos seguintes bairros: Fazendinha, Alto da Glória, CIC, Pinheirinho, Campo Comprido, Boa Vista, Cajuru, Boqueirão e Sítio Cercado.
Pronto-Socorro
Unidade destinada à assistência a pacientes com ou sem risco de vida, cujos agravos necessitam de atendimento imediato. Pode ou não ter internação. Todos os hospitais com pronto-socorro ou pronto-atendimento devem contar com a classificação internacional de Manchester para determinar o risco da situação do paciente. Quem recebe uma classificação “vermelha” não fica na fila e vai direto para atendimento. É o caso, por exemplo, de pessoas com parada cardiorrespiratória ou inconscientes.