A Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs), responsável pela administração do transporte coletivo da capital, anunciou nesta sexta-feira (21) que vai solicitar uma auditoria nos sistemas privados de bilhetagem eletrônica dos ônibus da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e dos fundos privados de urbanização. A ação foi anunciada em entrevista coletiva horas depois do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) divulgar que iria pedir uma auditoria no sistema de bilhetagem eletrônica dos ônibus e no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC).
O presidente da autarquia, Roberto Gregório, diz que a Urbs está montando uma força-tarefa que pretende analisar as gestões de todas as empresas para tentar identificar onde estão os problemas com relação às contas e aos balanços. "A análise se faz necessária porque todos os repasses da Urbs foram feitos normalmente desde o início do ano, o que totaliza cerca de R$ 800 milhões", afirma Gregório. "Agora, se as empresas utilizaram os repasses para outras finalidades, só elas podem responder", aponta.
Segundo o presidente da Urbs, a entidade não deve nada para as empresas. "O que falta são os R$ 9 milhões do Fundo. Esse montante deve ser aportado por meio do diálogo com a prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná", justificou.
Em relação ao dinheiro faltante do FUC, Gregório não sabe esclarecer com precisão, mas relata que, como fundo público, o dinheiro é utilizado, por exemplo, para manutenção de terminais quando a verba não vem de outras fontes, apesar de passar por processo licitatório.
Respostas sobre a transparência do sistema
A Setransp alega que desde 2011 os empresários esperam acesso ao contrato entre Urbs e Instituto Curitiba Informática (ICI) sobre a bilhetagem eletrônica para verificar a confiabilidade do sistema, mas não têm "acesso nenhum" ao número de passageiros que utilizam o transporte.
Em resposta, o presidente da Urbs nega as afirmações e diz que a empresa nunca recebeu qualquer questionamento formal das empresas. "Nós não temos problema em compartilhar governança. Baste eles apresentaram uma proposta", argumentou.
A reportagem, porém, obteve cópia de ofício protocolado na prefeitura de Curitiba que mostra que as empresas tentaram acessar os dados do sistema de bilhetagem ainda em 2012.
Em outubro deste ano, o Setransp enviou outro ofício a Urbs sugerindo que a comissão que fosse calcular a nova tarifa técnica do transporte coletivo tivesse a mediação do Ministério Público Estadual (MP-PR). Gregório frisa que nunca foi negado o direito de participação. "Estamos sempre à disposição. Tanto que, neste ano, por sugestão, requisitamos a intermediação do Ministério Público", sentencia.