Cerca de mil vagas de estacionamento deverão ser retiradas de alguns bairros de Curitiba durante o mês de setembro. A medida faz parte do pacote divulgado pela Urbs, empresa que gerencia o transporte na cidade, em maio, a fim de melhorar a fluidez do tráfego. Com o mesmo objetivo, moradores e comerciantes dos bairros Bigorrilho, Batel, Juvevê e da região central deverão receber 300 novas áreas de Estacionamento Regulamentado (EstaR) e estacionamento gratuito (veja box) no mesmo período.
Para a coordenadora de Estacionamento Regulamentado da Urbs, Jucélia de Fátima Valle, as determinações favorecerão também a rotatividade de veículos, com maior disponibilidade de vagas em frente dos estabelecimentos comerciais. Ela recorda que o estudo teve início no primeiro semestre de 2008, após a análise dos pedidos recebidos pelo serviço 156, da prefeitura. Atualmente, são 50 ligações mensais sobre o assunto.
Jucélia afirma que a retirada das vagas vai auxiliar na melhoria do tráfego. "A cidade não comporta mais o número de veículos que temos. Para facilitar a fluidez, a saída foi desimpedir as vias", diz.
Atualmente, incluindo o sistema pago, Curitiba conta com 8.148 vagas de estacionamento e espaços reservados para carga e descarga, pisca-alerta, estacionamento de ambulância e carros oficiais, que são gratuitos. Apesar da redução prevista para setembro, até o ano que vem a prefeitura pretende criar mais 2.010 espaços de estacionamento.
Aplicação
Ao preço de R$ 1, um talão de permanência prevê a parada no período de uma hora, sendo possível a colocação de até dois cartões. A previsão de aumento na arrecadação poderá chegar a 5% do que é recebido mensalmente. Atualmente, a média fica em torno de R$ 700 mil, e 5% deste valor é destinado para o Fundo de Ação Social (FAS), conforme previsto pela lei. O restante, segundo a Urbs, é investido no próprio sistema, para despesas com sinalização, compra de equipamentos, uniformes, combustível e folha de pagamento, entre outras.
Para o engenheiro de trânsito e mestre em Gestão Urbana Paulo Moraes, a Urbs pretende remanejar vagas existentes para locais que ainda não têm tanta demanda. "As ações têm de existir em locais que têm gargalo, ou seja, uma demanda maior do que a capacidade da via." Com isso, ele ressalta, 50% da trafegabilidade é liberada, o que vem a causar um grande impacto na cidade. "Se o trânsito é ruim, é óbvio que menos pessoas se deslocam pelas vias comprometidas."
Impacto
Proprietário de uma pet shop na Visconde de Guarapuava, Ivan Zanolo não se mostrou surpreso ao saber que terá o espaço destinado a estacionamento retirado. "Já tinha ouvido boatos", diz. A sua loja fica entre as ruas Ângelo Sampaio e Carneiro Lobo. "O imóvel vai desvalorizar e os clientes vão pensar duas vezes antes de vir aqui", afirma. A médica veterinária e representante comercial Danielle Zuniani, 34 anos, acredita que quem vai perder é o comércio.
Quem vai ganhar EstaR em frente de sua porta também não gostou da notícia. O designer João Luiz Carvalho Buquera, que tem uma loja na Rua Vicente Machado, não vê necessidade do sistema porque a via é calma. Ele acredita que os clientes que irão visitar a loja também não ficarão felizes.