A Visconde de Guarapuava, no Batel, será uma das vias que terão suprimidas as vagas para estacionamento| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Sistema foi implantado em 1980

Curitiba foi a segunda capital do país a implantar o EstaR (Estacionamento Regulamento), em 1º de julho de 1980, depois de São Paulo. O objetivo da Lei Municipal 3.979/71 e do Decreto 569/80 eram democratizar a área pública, auxiliando na rotatividade no uso de vagas e, consequentemente, melhorando a fluidez do tráfego.

Nesse período, o EstaR foi implantado em 22 ruas, entre elas Avenida Visconde de Nácar, a Carlos de Carvalho e a Comendador Araújo. Em 1997, com a municipalização do trânsito definida pelo Código de Trânsito Brasileiro, o Estacionamento Regulamento ficou a cargo da Diretran (Diretoria do Trânsito). (AP)

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Vagas de EstaR serão colocadas em 47 ruas

Sem data prevista para implantação, o Decreto 1.019, aprovado no dia 5 deste mês, prevê a colocação de vagas de Estacionamento Regulamentado (EstaR) em 47 ruas da cidade. Parte do pacote de medidas para melhorar o trânsito, a medida está dividindo opiniões.

Mariolucio Henrique da Silva, 43 anos, tem uma loja de roupas na Rua Rocha Pombo, no Bacacheri. Pela falta de vagas na rua movimentada, ele e mais duas empresas optaram por alugar um espaço para servir de estacionamento aos clientes. "A maioria dos carros estacionados é de pessoas que trabalham aqui por perto e que não querem saber, deixam o carro por muitas horas", diz.

Satisfeita com a notícia, Romilda Maria de Freitas, 63 anos, dona de um salão de beleza na mesma rua, acredita que o movimento e a segurança vão aumentar.

Já a veterinária Bárbara Visser, 28 anos, que é dona de uma pet shop na Rua Arthur Leme, no mesmo bairro, mostra-se surpresa ao saber que a via está entre as que receberão o EstaR. Ela não vê necessidade, por ser uma rua tranquila. "Com isso, querem acabar com o nosso comércio", reclama. Segundo ela, a maior dificuldade será levar e trazer animais de grande porte até o carro, que ficará na quadra anterior.

Segundo a Urbs, a implantação será gradativa e de acordo com a necessidade de cada região. Quanto à preocupação dos moradores e comerciantes da Rua Arthur Leme, a Urbs afirma que haverá um estudo antes da instalação. Mas pelo fato de a via ficar próxima da Avenida Erasto Gaertner, de grande tráfego, ela poderá ser usada futuramente pelos motoristas como local alternativo para estacionamento. (AP)

Cerca de mil vagas de estacionamento deverão ser retiradas de alguns bairros de Curitiba durante o mês de setembro. A medida faz parte do pacote divulgado pela Urbs, empresa que gerencia o transporte na cidade, em maio, a fim de melhorar a fluidez do tráfego. Com o mesmo objetivo, moradores e comerciantes dos bairros Bigorrilho, Batel, Juvevê e da região central deverão receber 300 novas áreas de Estacio­­na­­mento Regulamentado (EstaR) e estacionamento gratuito (veja box) no mesmo período.

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Para a coordenadora de Esta­­cionamento Regulamentado da Urbs, Jucélia de Fátima Valle, as determinações favorecerão também a rotatividade de veículos, com maior disponibilidade de vagas em frente dos estabelecimentos comerciais. Ela recorda que o estudo teve início no primeiro semestre de 2008, após a análise dos pedidos recebidos pelo serviço 156, da prefeitura. Atualmente, são 50 ligações mensais sobre o assunto.

Jucélia afirma que a retirada das vagas vai auxiliar na melhoria do tráfego. "A cidade não comporta mais o número de veículos que temos. Para facilitar a fluidez, a saída foi desimpedir as vias", diz.

Atualmente, incluindo o sistema pago, Curitiba conta com 8.148 vagas de estacionamento e espaços reservados para carga e descarga, pisca-alerta, estacionamento de ambulância e carros oficiais, que são gratuitos. Apesar da redução prevista para setembro, até o ano que vem a prefeitura pretende criar mais 2.010 espaços de estacionamento.

Aplicação

Ao preço de R$ 1, um talão de permanência prevê a parada no período de uma hora, sendo possível a colocação de até dois cartões. A previsão de aumento na arrecadação poderá chegar a 5% do que é recebido mensalmente. Atualmente, a média fica em torno de R$ 700 mil, e 5% deste valor é destinado para o Fundo de Ação Social (FAS), conforme previsto pela lei. O restante, segundo a Urbs, é investido no próprio sistema, para despesas com sinalização, compra de equipamentos, uniformes, combustível e folha de pagamento, entre outras.

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Para o engenheiro de trânsito e mestre em Gestão Urbana Paulo Moraes, a Urbs pretende remanejar vagas existentes para locais que ainda não têm tanta demanda. "As ações têm de existir em locais que têm gargalo, ou seja, uma demanda maior do que a capacidade da via." Com isso, ele ressalta, 50% da trafegabilidade é liberada, o que vem a causar um grande impacto na cidade. "Se o trânsito é ruim, é óbvio que menos pessoas se deslocam pelas vias comprometidas."

Impacto

Proprietário de uma pet shop na Visconde de Guarapuava, Ivan Zanolo não se mostrou surpreso ao saber que terá o espaço destinado a estacionamento retirado. "Já tinha ouvido boatos", diz. A sua loja fica entre as ruas Ângelo Sampaio e Carneiro Lobo. "O imóvel vai desvalorizar e os clientes vão pensar duas vezes antes de vir aqui", afirma. A médica veterinária e representante comercial Danielle Zuniani, 34 anos, acredita que quem vai perder é o comércio.

Quem vai ganhar EstaR em frente de sua porta também não gostou da notícia. O designer João Luiz Carvalho Buquera, que tem uma loja na Rua Vicente Machado, não vê necessidade do sistema porque a via é calma. Ele acredita que os clientes que irão visitar a loja também não ficarão felizes.