Justiça e urgência são palavras que, juntas, parecem não combinar. Uma sentença de primeiro grau, por exemplo, leva de seis meses a um ano e meio para ser proferida, segundo estimativa da Associação de Magistrados do Paraná (Amapar). No entanto, quando se trata de ação urgente, uma decisão provisória pode ser concedida no início da tramitação, por meio de liminar, caso o autor da ação comprove receio de dano irreparável ou perigo na demora do processo. Nesses casos, o juiz deve dar seu despacho em até 48 horas.Pedidos de liminar no Judiciário refletem o fato de a sociedade requerer urgência cada vez mais. Segundo o professor titular de Direito Processual Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Guilherme Marinoni, pós-doutor em Direito, na sociedade do começo do século 20 a necessidade de respostas urgentes não era a mesma da atualidade.
Hoje, pacientes buscam cada vez mais por remédios na Justiça, famílias procuram vagas em creches e escolas e pessoas pedem a liberação de tratamentos por planos de saúde. Consumidores indevidamente inscritos em sistemas de restrições ao crédito solicitam a retirada do seu nome do cadastro. Já empresas questionam licitações na Justiça e pedem liminares antes que a concorrência seja encerrada. Ações como essas estão entre as mais comuns na Justiça, segundo a Amapar, e requerem uma resposta rápida.
Segundo Marinoni, o juiz do passado tinha meses para dar a sentença que hoje tem de ser analisada rapidamente, mesmo o magistrado não tendo todas as provas. "Ele tem que se pronunciar para que mal maior não seja ocasionado, de modo que nesses casos ele vai julgar sempre o que é provável", diz. A vantagem é que o juiz não pode deixar de se manifestar diante de uma necessidade concreta, completa o professor.
Marinoni observa, no entanto, que advogados elaboram situações abstratas de perigo que não existe e leva-se muito tempo discutindo se a urgência está ou não presente para concessão de liminar. Apesar disso, os juízes têm conseguido responder à demanda de liminares de maneira rápida, opina. Já o Judiciário "enquanto estrutura técnica, conjunto de procedimentos e tecnologias" precisa de mais funcionários e materiais, por exemplo, para vencer dificuldades e acompanhar a evolução da sociedade, complementa o professor.
Agilidade
A promotora de Justiça do Centro de Apoio das Promotorias da Criança e Adolescente Luciana Linero observa que nos locais com varas específicas, como em Curitiba e grandes cidades, as demandas judiciais são analisadas rapidamente. Por determinação constitucional, assuntos de infância e juventude são prioridade absoluta. "A gente gostaria que a realidade fosse igual ao que a lei determina. Na prática, nem sempre se tem essa condição de dar a celeridade que se desejaria", diz. Uma maneira para melhorar é a criação de mais varas específicas, diz a promotora.
O presidente da Amapar, Gil Guerra, afirma que há uma resposta imediata da Justiça para casos urgentes. Segundo ele, na petição inicial, o advogado pode requerer uma tutela liminar. Para isso, tem de demonstrar urgência e evidências concretas. "Se tiver demonstrando os requisitos, o juiz defere naquele momento, no primeiro despacho dele", diz. No julgamento do mérito, o magistrado pode rever a liminar ou confirmar a decisão inicial.
Defensoria Pública
O presidente da Academia Brasileira de Direito Constitucional, Flávio Pansieri, aponta que a Justiça tem se pronunciado com agilidade em questões urgentes. "O problema está no julgamento final da demanda em razão do volume muito grande de medidas tramitando." Outro desafio é fazer com que mais pessoas tenham acesso ao Judiciário e uma das maneiras é a criação da Defensoria Pública no Paraná, para oferecer atendimento gratuito à população, defendida por Pansieri. Paraná e Santa Catarina são os únicos estados brasileiros que não têm uma Defensoria formalmente implantada.
Um projeto que cria o órgão foi enviado à Assembleia Legislativa pelo ex-governador Orlando Pessuti (PMDB) e aprovado pelos deputados em 2010 em primeira votação. Porém, o governo Beto Richa (PSDB) se comprometeu em enviar, até 20 de maio, novo projeto à Casa.
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