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A urina supostamente direcionada por policiais militares de plantão, da guarita da delegacia para o interior das celas, comentários dos militares de possíveis relações sexuais com as mulheres dos detentos e pedras lançadas no interior dos cubículos levaram os presos da delegacia de Campo Mourão a se rebelarem nesta quinta-feira, durante a madrugada.

Os cerca de 110 detentos das duas alas iniciaram a revolta por volta das 2 horas, como forma de protesto contra as atitudes dos policiais. Em mais de duas horas, os presos quebraram camas, as grades das celas e danificaram várias estruturas de concreto no interior da carceragem.

O motim só foi controlado por volta das 4 horas, após inúmeros diálogos do delegado com os detentos. "Eles não queriam fugir, apenas alegavam que os policiais de plantão estavam urinando nas celas, fazendo comentários absurdos sobre as mulheres e atirando pedras", contou o delegado Haroldo Luiz Vergueiro Davison.

Segundo ele, não é a primeira vez que os presos reclamam das atitudes dos policiais. Davison lembra que a atitude dos militares é inadmissível: "Esse tipo de comportamento fomenta a discórdia. Há um excelente relacionamento entre as corporações, mas há policiais despreparados para a função".

O delegado acrescentou que, além de mobilizar toda a equipe de policiais que estava de folga, a rebelião poderia ter sido incontrolável e gerado novas fugas. "Depois de firmado um compromisso de que as reclamações seriam levadas ao Comando da PM, os presos terminaram a rebelião e retornaram às celas".

Carcereiros que não quiseram ser identificados contaram que constantemente são obrigados a acalmar os presos por causa das atitudes dos militares. "São freqüentes as reclamações dos detentos de que a urina molhou a comida ou que caiu dentro das panelas", relata um deles.

De acordo com o delegado, as primeiras queixas dos detentos já haviam sido levadas ao Comando da PM há 15 dias, em uma reunião entre as corporações.

As denúncias serão investigadas por meio de uma sindicância que será aberta pelo Comando da Polícia Militar. "Tive conhecimento das atitudes dos policiais e já estamos identificando-os, para tomar medidas administrativas", afirmou o subcomandante do 11.º BPM, Antônio dos Anjos Padilha.

Ele não informou o nome dos policiais envolvidos, mas afirmou que eles alegaram que a atitude é recíproca. "Acho difícil, até porque os presos não têm contato com os policiais. A altura e as telas de proteção do teto da carceragem impedem a passagem de qualquer objeto", conclui.

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