Atire a primeira pedra aquele com mais de 25 anos que nunca se sentiu um Homem de Neanderthal diante do controle remoto multifuncional do aparelho eletrônico recém-adquirido. Ou do telefone celular de última geração, capaz das mais grandiosas proezas, e que acaba sendo usado apenas para fazer e receber ligações. Ou do painel do forno de microondas, que insiste em oferecer batatas mais crocantes quando tudo o que você quer é esquentar um copo de leite. Ou ainda de um site intrincado, de um pacote de biscoitos impossível de abrir, e tantas outras situações do cotidiano.

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Tudo isso causa frustração, irritação e constrangimento, porque o usuário se sente incompetente ou incapaz de manusear um item produzido em massa. Nesses casos, na verdade a falha está no projeto do produto, que não levou em consideração os obstáculos para a sua utilização por parte do público a que se destina – ou seja, tem baixa "usabilidade".

A usabilidade vem ganhando cada vez mais importância tanto na indústria quanto na academia, ao ponto de ter se tornado disciplina do currículo básico de cursos como Desenho Industrial e dos relacionados à Informática, e também ter adquirido status de ciência, a Engenharia de Usabilidade.

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Para informar o consumidor sobre o assunto e alertar os fabricantes sobre a necessidade de se criar produtos mais fáceis de usar, a entidade norte-americana UPA (sigla em inglês para Associação dos Profissionais em Usabilidade) fixou 14 de novembro como o Dia Mundial da Usabilidade, o que foi adotado em 37 países. Em Curitiba, a data foi lembrada na segunda-feira, quando o professor inglês Patrick Jordan ministrou palestra no centro de eventos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Cietep), que também abriga uma exposição de painéis onde alunos de Desenho Industrial da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) mostram as várias situações em que as pessoas se debatem com produtos complicados.

O curso de Desenho Industrial da PUCPR montou ainda um estande no Shopping Mueller, que durante todo o dia de ontem ofereceu um "test drive" de diversos aparelhos e controles remotos, ao mesmo tempo em que colhia as impressões dos usuários.

"Meu maior problema é com o aparelho de DVD", confessou o advogado Carlos Mário, de 59 anos. "Eu nem chego perto do controle remoto. Em compensação, meu filho, que hoje tem 22 anos, consegue mexer em tudo. Para mim isso tem muito a ver com a nossa ‘idade tecnológica’".

Já o autônomo Esmir Soares Santos estava maravilhado com um controle remoto recém-lançado, com apenas seis teclas: liga/desliga, para aumentar e diminuir o volume, seletor de canais (para cima e para baixo) e a função "mute", que corta o som. "É muito mais prático, confortável, e tem menos botões, para a gente não se atrapalhar tanto", resumiu.

Segundo os estudantes que atendiam os consumidores no quiosque, as maiores queixas dos usuários dizem respeito ao excesso de teclas, ícones incompreensíveis e aos menus em inglês. "O controle remoto ideal, por exemplo, é aquele mais simples, sem muitas teclas. E os aparelhos eletrônicos são aqueles que não precisem de um manual tão detalhado para a utilização", comentou Magda Hino, 21 anos, aluna de Projeto de Produto.

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