Bem-estar
Iniciativas amenizam sofrimento
Iniciativas têm substituído o uso de animais em experimentos e promovido o bem-estar deles. O professor Luiz Cláudio Fernandes diz que o número de bichos usados nas aulas da UFPR caiu na comparação com décadas passadas. "Na década de 80, fazíamos muitas aulas usando ratinhos. Hoje, várias aulas são simuladas por computador", diz. Por mês, cerca de 2 mil ratos são usados, número considerado "super enxuto" por Fernandes.
No Centro de Criação de Animais de Laboratório, na Fundação Oswaldo Cruz, técnicas promovem o bem-estar dos animais. É feito o enriquecimento ambiental, que viabiliza a quebra da rotina, com alterações na apresentação dos alimentos e brinquedos. O biólogo Miguel Ângelo Brück desenvolveu um aparelho que possibilita ao animal girar em direções opostas ou ficar parado enquanto outro brinca. O invento é uma forma de atividade lúdica, que aumenta a interação dos grupos. (BMW)
O Brasil não tem um diagnóstico do uso de animais em pesquisas científicas. Não se sabe quais instituições desenvolvem esse tipo de procedimento nem quantos e que tipos de bichos são usados. A informação é do coordenador do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, Marcelo Morales, que aponta ainda a falta de técnicos especializados.
Segundo Morales, é importante ter essas informações para que os órgãos públicos financiem as boas práticas e melhorem os procedimentos. "Quero saber como é o Brasil para chegar ao CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e dizer o que precisamos investir para mudar a realidade", afirma. Outro benefício é mostrar o cenário para empresas que forneçam animais e queiram investir no país.
Para se chegar aos números, as instituições terão de se credenciar no Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 6 meses estarão disponíveis formulários on-line e as instituições terão um ano para se credenciar. Após o prazo, as que estiverem em situação irregular serão impedidas de usar animais. No Rio de Janeiro, por exemplo, só duas instituições estavam cadastradas até a metade deste mês.
Outro problema é a falta de técnicos especializados. Morales propõe um plano nacional de educação e cursos de aperfeiçoamento. "A gente caminha para o momento em que vai modificar a realidade nacional porque tem que dar um salto de qualidade. E salto de qualidade na área da saúde passa pela experimentação animal", diz.
A Lei Federal 11.794/2008 permite a utilização de animais em pesquisas científicas desde que eles sejam poupados ao máximo de sofrimento. Os experimentos devem seguir regras e cada instituição deve ter uma comissão de ética para examinar os procedimentos e seu andamento. Morales diz que chegam muitas denúncias ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal.
Para os pesquisadores, o uso de animais é fundamental. O professor Luiz Cláudio Fernandes, da comissão de ética de utilização de ratos e camundongos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), acha complicado substituir o animal pelo experimento no tubo de ensaio. "Quando se fala de organismo vivo está se falando de algo que é vivo e complexo."
Segundo o professor Rogério Ribas Lange, do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR, a visão contrária ao uso de animais tem origem em um "aspecto sentimentalista". Ele defende o uso de um número mínimo de espécies, suficiente para gerar informações. Lange está conduzindo uma pesquisa para definir o padrão oftalmológico dos saguis-do-tufo-preto. Os animais são do Parque Barigui, em Curitiba, onde foram introduzidos. No laboratório, eles são avaliados e submetidos a esterilização cirúrgica e depois transferidos ao Passeio Público.
Contrários
Entidades de defesa dos animais são contra os experimentos. Em abril, entidades de várias cidades realizaram uma manifestação para pedir o fim das pesquisas, no Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal e a Vivisecção. A presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba, Soraya Simon, avalia que o animal só deve ser usado em seu próprio benefício. "Hoje a maior parte dos procedimentos visa auxiliar o homem de alguma forma", diz. Ela defende que os produtos tenham informações sobre o uso de animais nos testes. "Falta vontade de mudar. Tem vários estudiosos que não usam os animais", afirma. Segundo ela, não adianta tentar amenizar o sofrimento. "Você está causando sofrimento ao animal de qualquer forma, ele vive confinado e não tem vida."
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