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"No Brasil as calçadas são uma esculhambação total. É o descaso do poder público com o pedestre. Aqui a preferência, ao contrário dos países europeus, é com a lata, com o carro. E os pedestres ficam nessa desgraça toda", resume o arquiteto e urbanista Roque Sponholz, professor de Urbanismo na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Como exemplos de descaso, ele destaca o rebaixamento de calçadas, a instalação de postes e placas em espaços estreitos e a construção de rampas para automóveis. Em outros casos, as calçadas sequer existem.

Para Sponholz, a construção dos passeios públicos deveria ser de responsabilidade das prefeituras, da mesma forma que é feito com o asfalto. Atualmente eles são feitos por iniciativa dos proprietários dos imóveis. "As calçadas deveriam ser padronizadas pelas prefeituras e cobradas do cidadão através do IPTU, como uma benfeitoria, e os modelos escolhidos por projetos em concurso público. Para não ficar monótono, os modelos poderiam ser diferentes em cada região da cidade", sugere o urbanista. A medida, garante, geraria inúmeros empregos e poderia ser associada à arborização.

As péssimas calçadas, associadas à falta de segurança, estão fazendo desaparecer as reuniões de vizinhos, quando eram comuns as rodas de chimarrão e de conversa em frente às casas. "Isso era exercício da cida­­­­dania. O passeio, a rua, a praça, deveriam ser uma extensão da sala de estar do cidadão. Mas não é mais. Assim vai perdendo a coletividade, a solidariedade e cria-se um individualismo. Então a cidade perde sua principal função, a de encontro e de oportunidades para as pessoas", observa.

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