Quem dependia do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana ontem sofreu com a falta de opção. Os maiores prejudicados foram os trabalhadores que chegaram atrasados ao serviço ou nem ao menos conseguiram chegar. Um exemplo é a o vigilante José Souza Ramos, 44 anos.
A epopéia de Ramos começou, ontem, às 5 horas. Morador de Colombo, Ramos precisava chegar ao serviço até às 6h45 para a troca de turno com um colega que tinha trabalhado a noite toda. Na chegada em Curitiba, o ônibus Curitiba/Santa Tereza, em que ele se encontrava, foi abordado pelo grevistas. O veículo teve os pneus esvaziados e todos os passageiros foram obrigados a descer e seguir o percursso a pé. Começava a corrida dele em tentar chegar o menos atrasado possível ao emprego. "É direito deles reinvindicarem melhores salários, mas não prejudicarem pais de família. Eles ganhariam muito mais se começassem a levar os passageiros de graça", afirma.
Depois de uma breve caminhada, um senhor ofereceu carona a Ramos até o Terminal Santa Cândida. "Como eu estava fardado, acho que o senhor ficou mais tranqüilo para me dar carona", explica. Chegando ao terminal, à medida que ficava à espera de uma lotação, a irritação aumentava. "Quantas pessoas podem perder o emprego porque vão chegar atrasadas hoje", questionava preocupado.
Depois de quase duas horas de espera, ele conseguiu, por R$ 4, uma disputada vaga numa das poucas lotações disponíveis no horário. O vigilante então seguiu rumo ao Terminal Guadalupe, onde chegou apenas às 11 horas. "Estou com dó do meu colega que trabalhou a noite toda e ainda não pode sair porque eu não cheguei", explicava.
Depois de chegar ao centro da cidade, Ramos gastou mais R$ 6 num cartão telefônico e ligou para empresa em que trabalha. "Eles vão vir me buscar", descobriu aliviado. "Eu sou novo na empresa, fico preocupado. Mas eles falaram que não vai acontecer nada comigo porque não foi culpa minha", continuou. O vigilante foi apenas um dos quase um milhão de pessoas prejudicadas pela greve na Grande Curitiba.
Atrasos
A empregada doméstica Rosa Kuchler, 48 anos, também sofreu com a paralisação. Ela esperava por uma lotação em frente à Rodoferroviária, logo após chegar de viagem de Mafra (SC). "Estou atrasada para ir trabalhar, não imaginava que ia ter greve", conta.
"É um absurdo, uma falta de respeito com o povo", protestou a suplente de caixa Gesuane da Silva, 28 anos. Ela deveria estar no supermercado onde trabalha, no Cabral, às 8 horas, mas às 11 ainda não havia conseguido achar um meio de ir para o serviço no Terminal do Alto Maracanã, em Colombo. "Se querem aumentar a passagem, aumentem de uma vez, porque no fim acaba subindo do mesmo jeito. Pelo menos a gente não precisava passar por esse constrangimento", revolta-se.
Por outro lado, alguns trabalhadores se mostravam mais compreensivos, como a atendente Fabiana Fernandes da Silva, 21 anos, que precisava se deslocar do Terminal do Alto Maracanã até o Alto da XV. "É injusto para nós, mas é justo para eles, que também têm o direito de reivindicar um salário melhor", ponderou. "Se eu estivesse no lugar deles faria a mesma coisa. Também estou precisando de um aumento salarial", diz.
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