Ponta Grossa Ainda não há previsão para o fim da interdição da UTI do Hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa, fechada há uma semana por causa da bactéria multirresistente Acynecto Bacter. Sete leitos estavam ocupados e foram bloqueados. Quatro pacientes foram contaminados pela bactéria, sendo que um recebeu alta e transferido para outra ala. De acordo com o diretor clínico do Bom Jesus, Ricardo Zaneti Gomes, a UTI só poderá ser liberada depois que todos os focos da bactéria forem extintos.
Segundo ele, a bactéria é comum em ambientes como UTI e em pacientes debilitados. Os quatro pacientes contaminados respiram por aparelhos e estão em coma por período variando entre 5 e 21 dias. Segundo o médico, a situação está sob controle. Desde segunda-feira passada, a direção do hospital aumentou o número de funcionários na UTI. Diariamente, são realizados três exames em cada paciente para acompanhar a evolução da bactéria.
Além das complicações humanas, a contaminação representa prejuízo financeiro para o hospital. Uma dose do antibiótico necessário para matar a bactéria custa R$ 300 e cada paciente necessita de quatro doses diárias. Ou seja, o hospital gasta R$ 4,8 mil por dia com o tratamento. Como a medicação deve ser aplicada por 21 dias, a previsão é de que se gaste ainda R$ 100 mil. Somam-se aos gastos com medicação os custos com os funcionários extras, arregimentados para a UTI contaminada. São oito funcionários a mais, que trabalham em escalas. Além disso, os leitos parados deixam de arrecadar recursos. Um leito custa ao hospital aproximadamente R$ 4 mil. Quando ele está ocupado, o recurso é repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No caso do Bem Jesus, há dois leitos desocupados, mas necessitam da mesma atenção que os ocupados.
A interdição na UTI em Ponta Grossa coloca autoridades em alerta porque a cidade é historicamente deficitária em número de leitos especiais. A presença da bactéria, aparentemente simples em UTIs, se torna mais complicada na cidade devido à dificuldade de locomoção de pacientes. Com uma média de lotação de 100%, não há espaço para a transferência de pacientes internados em unidades interditadas. No Bom Jesus, as pessoas que não foram contaminadas tiveram que permanecer na ala, mesmo correndo o risco de contraírem a infecção.
A falta de UTI em Ponta Grossa gerou outra ação contra o estado. Ontem, o promotor Fuad Faraj, do Ministério Público de Ponta Grossa, entrou com um pedido de liminar solicitando atendimento imediato das pessoas que estão na fila. "É um absurdo porque cada minuto é importante para salvar a vida ou evitar o agravamento das condições de saúde", diz Faraj.
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