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Hospital Regional do Médio Paraíba Zilda Arns, em Volta Redonda (RJ) ainda tem vagas de UTI
Hospital Regional do Médio Paraíba Zilda Arns, em Volta Redonda (RJ) ainda tem vagas de UTI| Foto: Mauricio Bazilio/SES

A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido à pandemia da Covid-19 varia – e muito – pelo país. Com dimensões continentais, não era surpresa que a doença teria determinados focos no Brasil, como já havia acontecido tanto na China como na Itália, por exemplo.

Em pelo menos três estados, a situação está beirando o colapso, como no Amazonas, Pernambuco e Rio de Janeiro. Em outros como Ceará e Pará, a situação também está próxima do limite. Por outro lado, estados como os do Sul e Centro-Oeste têm taxas de ocupação de UTI baixas em sua maioria, segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo.

No momento, contudo, é quase unânime a busca pelo aumento dos leitos intensivos, seja onde a situação já está no limite ou em locais onde ainda há "gordura para queimar".

Até este sábado (25), o Ministério da Saúde confirmava 58.509 casos de coronavírus no Brasil e 4.016 mortes. Do total, 29.160 pessoas haviam se recuperado.

Estados com situação crítica

O Amazonas, com 287 mortes confirmadas por Covid-19 neste sábado (24), vive momento difícil há pelo menos um semana, com caminhões frigoríficos em alguns hospitais e sepultamentos coletivos em Manaus. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) de quinta-feira (23), 96% dos 222 leitos de UTI para atendimento de pacientes com o novo coronavírus estavam ocupados na rede estadual.

Somando casos confirmados para Covid-19 e os considerados suspeitos (aguardando confirmação do diagnóstico), 300 pessoas estavam em UTIs públicas e privadas, sem contar o hospital de campanha de Manaus. Com dificuldades, o estado recebeu 20 respirados na quinta para poder ampliar seus leitos intensivos e desafogar UPAs.

Já em Pernambuco, quarto estado com mais mortes (381 até sexta) - atrás de SP, RJ e CE -, a ocupação dos 327 leitos públicos de UTI destinados a casos confirmados e suspeitos de Covid-19 é de 98%. Por lá, dos 4.507 casos da doença, apenas um pouco mais de 200 estavam recuperados até esta sexta (24).

No Rio de Janeiro, segundo estado com mais casos e mortes (615), da rede estadual, apenas o Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, tem leitos de UTI que não estão ocupados (35). Com isso, a lotação era de 51%. Mesmo suspendendo cirurgias eletivas e abertura de unidades que estavam abandonadas - plano de contingência adotado por vários estados, 356 pacientes estavam na fila por vagas em unidades intensivas no Rio de Janeiro.

Segundo a secretaria local, cerca de 80% de todos os leitos de UTI do estado estão ocupados (com Covid-19 ou não). A pasta diz que há alta rotatividade (por óbitos e altas) e diariamente abrem vagas nos demais hospitais do estado, mas elas logo são preenchidas.

O governo estadual promete a abertura de nove hospitais de campanha com dois mil leitos, sendo 500 de UTI. O primeiro deles, na Zona Sul da capital, deve ser inaugurado neste sábado (25) e terá 80 novas vagas de UTI. Nesta sexta (24), o governador Wilson Witzel (PSC) disse que não há previsão de relaxar as medidas de isolamento social e reabrir atividades comerciais. "70% da ocupação dos leitos de UTI é o máximo que podemos permitir para a reabertura e infelizmente não estamos nesse patamar", afirmou.

Além desses, o Ceará também tinha situação preocupante. A secretaria de saúde informou que a ocupação dos leitos de UTI na sexta (24) à noite era de 74% no estado, mas já chegava a 92% na capital, Fortaleza. No momento, são 336 leitos exclusivos pra Covid-19 no estado. Segundo o governo local, cerca de 300 leitos intensivos foram abertos no último mês e a intenção é chegar a 600.

Ainda mais crítica é o do Pará. Não havia mais vagas intensivas na capital, Belém. No estado todo, 74% dos 186 leitos de UTI destinados à doença estavam ocupados. Segundo o governo estadual, equipamentos médicos comprados da China já saíram de Pequim com 400 respiradores, 400 monitores multiparamétricos e 1.600 bombas de infusão. A previsão é de que cheguem na capital paraense entre os dias 26 e 27 abril, quando o estado pretende transformar em UTIs todos os 420 leitos atuais do Hospital de Campanha, em Belém.

Onde a situação inspira cuidados

Em algumas parte do Brasil, uma possível saturação dos leitos começa a causar preocupação, como em alguns estados do Sudeste e Nordeste. Em São Paulo, o epicentro da crise, com 1.667 mortes, 41% dos óbitos do país –, os números vem subindo progressivamente, principalmente no interior, que no início do mês respondia por menos de 15% dos óbitos e agora já responde por 34%.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 57,3%. Na Grande São Paulo, é de 76,9%. Ao todo são quase 2,5 mil internações deste tipo entre casos suspeitos e confirmados. No Hospital das Clínicas da capital, por exemplo, são 181 internados em estado grave dos 200 leitos atuais, que vão virar 210 na próxima semana.

O coordenador da Controladoria de Doenças do estado, Paulo Menezes, afirmou que, se a taxa de ocupação de leitos continuar a crescer, o estado considera transferir pacientes com coronavírus de uma cidade para outra, como é o caso de municípios da região metropolitana da capital. "Essa é uma estratégia que nós vamos utilizar se for necessário, assim como o possível uso de leitos do setor privado, dos hospitais privados, caso a rede SUS não seja suficiente para oferecer o tratamento adequado para esses pacientes".

No Maranhão, a situação é delicada na capital São Luís, onde 90 dos 122 (80,3%) leitos intensivos para a doença estão ocupados e o governador do estado Flávio Dino (PCdoB) já admitiu declarar lockdown na região caso esse número suba. No interior, porém, 76 das 81 vagas de UTI para Covid-19 estão vagas.

Em outra região do país, quase 70% (69,2%) dos 169 leitos intensivos dedicados à Covid-19 no Espírito Santo estavam ocupados nesta sexta (24).

Estados com "situação controlada"

Segundo dados das secretarias estaduais de Saúde, aproximadamente metade dos estados têm a situação controlada, no atual momento, no que diz respeito às vagas disponíveis para casos graves da doença.

No Sul do país, nenhum estado está com as UTIs lotadas no momento, embora a taxa de ocupação das UTIs tenha crescido no PR e RS nos últimos dias. No Paraná, 30% dos 530 leitos do SUS exclusivos à Covid-19 estão ocupados.

Já em Santa Catarina, onde 363 leitos do mesmo tipo estão reservados, a taxa é de 16,2%. O baixo percentual, aliás, foi um dos motivos que levaram o governador Carlos Moisés (PSL) autorizar a reabertura de shoppings, academias e restaurantes nesta semana, seguindo algumas recomendações de saúde.

A ocupação é maior no Rio Grande do Sul. Dos 1.684 leitos de UTI disponíveis (SUS e privados), 58% estão ocupados, mas 147 dos 977 internados são referentes a casos suspeitos e confirmados da Covid-19.

No Sudeste, 2.013 leitos de UTI do SUS, 54% estão ocupados em Minas Gerais. São 89 pacientes internados por suspeita ou decorrência do coronavírus nessa condição, ou seja, 4,5%.

Centro-Oeste

Partindo para o Centro-Oeste, a lotação ainda é baixa. No Mato Grosso do Sul, entre os 217 casos confirmados da doença, apenas nove pessoas estavam internadas em UTIs (públicas e particulares). Outras sete morreram.

O Mato Grosso tinha 11 pessoas em unidades intensivas, sendo apenas quatro no SUS, entre 247 casos confirmados até o último sábado (25). Nove pessoas morreram por causa da Covid-19 no estado. Existem 95 leitos públicos reservados, dos quais 96% estavam disponíveis. Mesmo assim, o planejamento é ter 326 leitos no início de maio.

Ao inaugurar 20 leitos de UTI, nesta sexta-feira (24), em uma UPA de Brasília, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que menos de 1/4 das unidades estão em uso. "Temos hoje só 22% de ocupação dos nossos leitos”, ao se referir dos 120 leitos de UTI para pacientes com o novo coronavírus.

Em Goiás, o governo confirmava ao todo, na sexta (24), 12 pacientes com Covid-19 internados. Há ainda 61 casos suspeitos internados (mas não apenas de UTI) e 506 confirmações do novo coronavírus. Vinte e cinco pessoas morreram no estado.

Nordeste

Em Alagoas, dos 119 leitos de UTI reservados à doença, 33 estavam ocupados nesta sexta (24), o que representa 28%. O número, contudo, cresceu, pois no início da semana eram apenas 17%.

No Sergipe, com 153 casos e nove mortes até sábado (25), nove pessoas estavam internadas em UTIs (públicas e privadas).

A secretaria de Saúde da Bahia informou que 67 pacientes confirmados para Covid-19 estavam em UTIs. Ao todo, o estado diz ter quase 1,3 mil leitos de referência.

Também no Nordeste, a Paraíba tinha quatro internados com a doença e outros 37 com notificação de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em UTIs até quinta (23), sendo 26 na rede pública. O estado reservou até o momento 125 vagas intensivas para a Covid-19.

O cenário é parecido no Rio Grande do Norte (com demografia semelhante). Ao todo, 38 pessoas com suspeitas ou confirmadas para Covid-19 estão em UTIs (públicas e privadas).

No Piauí, a situação na noite de quinta (23) apontava para 23% do leitos de UTI ocupadas no SUS, ou 49 dos 210 reservados.

Norte

Com exceção do Amazonas e do Pará, a situação também estava "sob controle" nos demais estados da região Norte. O governo do Amapá informou que 36,8% dos leitos de UTI, ou 14 de 38 (públicas e privadas) destinadas ao coronavírus na capital estavam ocupados. Macapá tem mais de 80% dos 633 casos de Covid-19 no estado até esta sexta (24).

Em Roraima, entre todos os leitos clínicos e de UTI exclusivos da doença, apenas 14 de 83 estavam ocupados até quinta (23).

Dos 83 leitos de UTI em Rondônia, sete estavam ocupados, ou seja, 92% disponíveis.

No Acre, de 258 casos confirmados, onze morreram e oito pessoas estão internadas em UTIs. E no Tocantins, estado menos afetado pelo vírus até aqui, são 50 casos confirmados e duas mortes.

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