A chegada do outono marca o início das campanhas de vacinação contra a gripe A (H1N1), geralmente iniciadas em março na rede privada e em abril na rede pública de saúde. Neste ano, no entanto, o calendário da imunização dos laboratórios particulares está atrasado devido à falta do medicamento e, até o momento, não há certeza em qual data a vacina estará disponível à imensa parcela da população que não faz parte dos grupos prioritários atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vacinas não chegaram aos laboratórios porque o medicamento ainda não foi liberado para comercialização. Trata-se de uma nova vacina contra a gripe, mais eficaz: enquanto a trivalente protege contra os vírus A/H1N1, A/H3N2 e B, a nova vacina tem em sua composição mais uma cepa do vírus B, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em nota, a Anvisa informou que duas vacinas influenza tetravalente fabricadas no Brasil – produzidas pelas empresas GSK Brasil Ltda. e Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda. – estão regularmente registradas, porém ainda não foram liberadas porque “a atualização de cepas encontra-se em exigência técnica”, o que significa que a agência reguladora está analisando esclarecimentos e informações fornecidas pelas empresas sobre a atualização das cepas de vírus.
Atraso
Segundo a Anvisa, a GSK e a Sanofi solicitaram a atualização de cepas tardiamente, devido a atrasos na disponibilização dos reagentes pelos organismos internacionais envolvidos e, por isso, a liberação ainda não foi finalizada. Procurada pela reportagem, a GSK informou que não há prazo definido para a liberação do medicamento, pois o trâmite depende da Anvisa. Já a Sanofi ressaltou que o processo de liberação da vacina está correndo dentro dos prazos e que a atualização de duas cepas (H3N2 e B) demandou mais tempo para a produção do medicamento. A empresa afirmou estar empreendendo todos os esforços para atender rapidamente às solicitações da Anvisa, esperando que o medicamento seja disponibilizado até o fim de abril.
Em Curitiba, pelo menos seis laboratórios aguardam a chegada dos lotes da trivalente e da tetravalente. Embora tomar a vacina com atraso não implique alteração na maneira como o medicamento age no organismo, especialistas apontam que o prolongamento do tempo sem imunização aumenta os riscos de contrair uma gripe e suas complicações.
“Quanto antes a maior parte da população for vacinada, melhor. Porque é agora que a incidência de casos de gripe e complicações começa a aumentar. Se as vacinas chegarem até o fim de abril, já serão dois meses de atraso. É importante que haja um posicionamento da indústria farmacêutica pois trata-se um assunto de interesse da população”, explica Milton Zymberg, diretor do laboratório Frischmann Aisengart. Vale lembrar ainda que a os anticorpos que garantem proteção contra a gripe começam a surgir cerca de três semanas após a vacinação; a proteção máxima é atingida após aproximadamente 45 dias. A proteção estende-se por entre oito e 12 meses.
Rede Pública
A campanha nacional de imunização começa a partir do dia 27 de abril, segundo definição do Ministério da Saúde. O SUS fornece gratuitamente a vacina trivalente para a população considerada de risco. No Paraná, todas as unidades de saúde realizam a vacinação entre as 8 e as 18 horas.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), ainda não foi divulgada a meta de imunização desse ano. No ano passado, três milhões de pessoas foram vacinadas no estado.