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Pague um leve dois. Uma campanha que vincula o fornecimento gratuito de doses da vacina contra febre aftosa à compra de outros medicamentos de saúde animal causa polêmica no Brasil. No momento em que 15 estados brasileiros mais o Distrito Federal dão início à segunda fase de imunização, o laboratório Novartis provoca o mercado e concede uma espécie de vale-vacina na aquisição de outro produto fabricado pela multinacional.

Na compra de 1 litro do antiparasitário Megamectin 1% nas revendas que representam a Novartis, o produtor recebe um "cheque-bônus" no valor equivalente a 20 doses da medicação contra aftosa. Na aquisição do Megamectin 3,5%, uma versão mais concentrada e também mais cara do vermífugo, a compra casada dá ao consumidor uma compensação ainda maior, igual a 70 doses de vacina.

A manifestação contrária à estratégia da empresa vem do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), entidade que representa produtores e abatedouros. Em correspondência enviada ao Ministério da Agricultura (Mapa), o presidente do CNPC, Sebastião Costa Guedes, define a campanha Mega Poder, da Novartis, como "um exemplo infeliz de banalização da imagem da vacina contra febre aftosa." Ele defende a suspensão da venda vinculada por ser "prejudicial à política de erradicação da doença, além de danificar a credibilidade do gigantesco esforço para atingir o objetivo das américas livres de aftosa até 2010".

Nelson Mussolini, diretor corporativo da Norvatis no Brasil, explica que a campanha tem caráter educativo e que a empresa está discutindo com o Mapa o objetivo do trabalho. Ele destaca, ainda, que a multinacional não fabrica vacina contra febre aftosa, o que descaracteriza a tese de venda vinculada pelo interesse econômico. A promoção, segundo Mussolini, não tem nenhuma meta e nem estabeleceu limite para a emissão de cheque-bônus. A intenção é atender quem tiver interesse durante a campanha de vacinação.

Custo-benefício

No Paraná, o frasco com 10 doses da vacina contra febre aftosa custa, em média, R$ 11 – no mercado da Região Norte. As versões do Megamectin têm preço médio de R$ 130 e R$ 420 o litro. Na Javet Produtos Agropecuários, de Londrina, foram comercializados 100 litros do produto em menos de um mês. O desempenho, de acordo com a revenda, é resultado da campanha da Novartis. No mesmo período do ano passado, as vendas não chegaram a 50 litros.

O CNPC juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) esclarecem que o produtor rural tem o direito de adquirir somente a vacina contra a aftosa, que é de uso uso obrigatório.

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