Há alguns dias, o Ministério da Saúde (MS) comunicou a prorrogação do início da campanha nacional de vacinação contra a gripe A, inicialmente previsto para 27 de abril, para 4 de maio, devido a atrasos na produção das vacinas. O assunto foi debatido na terça-feira (14) no IV Seminário Estadual sobre Influenza e outras Doenças Respiratórias, promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em Curitiba.
Por que atrasou?
Todos os anos, a Organização Mundial da Saúde recomenda o tipo de vírus que deve ser contemplado pela vacina contra a gripe A. Isso acontece porque existem inúmeros tipos de vírus influenza A e B que provocam a gripe, e a composição da vacina é definida de acordo com os vírus circulantes no ano anterior.
A OMS divulgou a nova composição em setembro de 2014, mas na ocasião as cepas não estavam disponíveis no mercado. Além disso, os reagentes utilizados para a análise de potência da vacina só foram liberados em janeiro. Tudo isso teria impactado o processo de produção da vacina, que agora está em fase de validação e liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para a diretora do Centro Estadual de Epidemiologia, Cleide Aparecida de Oliveira, o adiamento da campanha é um risco. “Quanto mais cedo vacinar, melhor. É que o Ministério da Saúde elabora um calendário de vacinação para o país inteiro, mas há diferenças climáticas entre as regiões. Na Região Sul, diferentemente do restante do país, o frio chega antes e o vírus começa a circular mais cedo. Ou seja, as pessoas são expostas antes e por mais tempo”, avalia.
Prioridade
São alvos da campanha nacional crianças entre seis meses e 5 anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), índios, idosos, trabalhadores de saúde, portadores de doenças crônicas não-transmissíveis, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Como a vacina tem resposta imunológica em 30 dias e mantém a proteção em alta nos três meses seguintes, para Cleide o ideal é que no período em que o vírus Influenza circula mais, entre junho e agosto, as pessoas já tenham produzido os anticorpos protetores e estejam devidamente imunizadas.
O início tardio da campanha nacional também implica esforço redobrado das equipes de saúde para cumprir as metas. Cleide lembra que no ano passado, 228 casos de Influenza no Paraná (internação e UTI) ocorreram, sendo que 16 resultaram em óbito – desses, 11 pessoas fazem parte do grupo prioritário de vacinação, mas não tinham recebido a dose.
A coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações do MS, Carla Magda Domingues, presente no evento em Curitiba, discordou da representante da Sesa. Disse que o prazo da campanha está dentro do estipulado. “A vacinação só não foi antecipada por causa do processo de produção do medicamento. Mas não podemos imunizar precocemente porque senão chegaremos em julho, quando a circulação do vírus é maior, com a proteção menos potente”, argumentou.
O adiamento da campanha nacional ocorreu porque a composição da vacina trivalente de 2015, utilizada pelo SUS sofreu alteração de cepas dos vírus A e B, conforme indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse ano, a meta do Ministério da Saúde é vacinar 80% do grupo prioritário, formado por 49,7 milhões de pessoas. A campanha movimenta um investimento de R$ 500 milhões somente em vacinas. Já no Paraná, a meta é vacinar mais de 90% da população-alvo. O estado deve receber 2,9 milhões de doses da trivalente.
Cleide destaca a importância de tomar a vacina com números: em 2012, foram notificados 680 casos de influenza (internação e UTI), desses, 59 resultaram em óbito; em 2013, o número de casos subiu para 906 e o de mortes, para 67; em 2014, foram 228 casos e 16 falecimentos – desses, 11 pessoas faziam parte do grupo prioritário, mas não foram imunizadas. A maioria das mortes ocorreu em decorrência de complicações da gripe A. Nesses primeiros meses de 2015, já foram registrados 3 casos de influenza tipo B, sendo que uma mulher com mais de 60 anos morreu.
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