Ao declarar que uma das conseqüências da abertura de ação penal para apurar o mensalão pode ser o "julgamento político" da gestão Lula, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, colocou o Planalto em alerta. "Não será em nenhuma hipótese o julgamento do governo", reage Tarso Genro. "A não ser que se tenha uma visão medieval do direito, em que se julgavam comunidades indeterminadas. Trata-se do julgamento de pessoas, que podem ou não ter cometido delitos", arrematou o ministro da Justiça. O objetivo maior do comando político do governo é evitar o contágio com o extenso e midiático julgamento que vai ocupar o Supremo Tribunal Federal na próxima semana, ressuscitando nomes como José Dirceu, Delúbio Soares e Marcos Valério.

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Nem vem – De José Luiz de Oliveira Lima, advogado de José Dirceu, sobre o fato de Antonio Fernando ter dito que não são necessárias "provas cabais" para a abertura de ação: "O procurador-geral da República afirmar isso às vésperas de um julgamento de tal importância é o reconhecimento de que a denúncia não se sustenta em provas".

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Pesado – Durante encontro ontem com familiares das vítimas do vôo 3054, Nelson Jobim teve de ouvir o diabo sobre o governo federal. Quando um dos participantes fez a mais dura manifestação contra Lula, todos os demais se levantaram para aplaudir.

Classificados – Enquanto busca uma saída jurídica para remover diretores da Anac, o ministro da Defesa está em campo pedindo sugestões de nomes para a agência.

Cristal japonês – Depois de fazer de tudo para não depor nas CPIs do Apagão Aéreo, Denise Abreu destacou em vários momentos sua origem de "classe média" e listou boas ações praticadas ao longo da carreira. No depoimento ao Senado, foi visível o esforço da diretora da Anac para verter lágrimas. Não rolaram.

Pano rápido – O evidente recuo do brigadeiro José Carlos Pereira ontem na denúncia contra Denise Abreu foi atribuído, na base aliada, ao convite para que o ex-presidente da Infraero assuma o posto de adido da Aeronáutica em Washington.

A serviço 1 – Após tentar barrar veredicto do Conselho de Ética sobre Renan Calheiros, o advogado-geral do Senado, Antonio Cascais, tentou excluir PSDB e DEM da reunião da Mesa que decidiu encaminhar a terceira denúncia contra o presidente da Casa.

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A serviço 2 – Uma vez rejeitado seu parecer, Cascais disse que a decisão da Mesa pode sofrer contestação judicial pelo fato de PSDB e DEM, autores da representação sobre supostas rádios de Renan, serem partes interessadas.

No laço – Dirigente da CGTB, pequena central na órbita da CUT, Ubiraci Dantas defendeu ontem, em reunião com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que as concessões à TV Globo sejam renovadas anualmente, e não mais a cada 15 anos.

Trinca – José Serra indica hoje três nomes para o Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de SP): o médico Eduardo Moacyr Krieger, ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o sociólogo José de Souza Martins.

Mesmo chefe – A Fapesp, que comanda cerca de R$ 500 mi anuais, será transferida da Secretaria de Desenvolvimento para a de Ensino Superior, recém-assumida por Carlos Vogt, que acaba de deixar a presidência da fundação.

TIROTEIO

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* Do deputado federal Mendes Thame (PSDB-SP), sobre a intenção dos ex-pefelistas de derrubar a cobrança da CPMF, contribuição criada no governo Fernando Henrique e, na época, apoiada pelos aliados.

– O DEM escolheu fazer oposição como o PT. O PSDB pensa diferente: não queremos inviabilizar o governo.