Empresários, professores e ex-funcionários da São Paulo Transporte (SPTrans) que analisaram a proposta da gestão Fernando Haddad (PT) para mudanças na rede de ônibus da cidade de São Paulo questionam ainda o prazo dos contratos, de 20 anos renováveis por mais 20. A avaliação é de que a cidade passa, e ainda passará, por diversas mudanças, o que não aconselha a fixação de regras por até quatro décadas.
O professor Mauro Zilbovicius, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), classifica o prazo como “crítico”. “Imediatamente, após a realização da concorrência, teremos um oligopólio, prejudicando até mesmo a inserção de inovações tecnológicas no sistema”, diz. “Mesmo porque não se pode prever quais inovações estarão disponíveis dentro de 5, 10 ou 20 anos”, afirma.
Licitação da prefeitura de SP premia quem conseguir encher mais os ônibus
Leia a matéria completaA alegação de técnicos é que há dificuldades em se planejar o sistema de transportes com um horizonte tão amplo. Em 20 anos, novas linhas de metrô, novos empreendimentos imobiliários e novos centros de emprego alteram uma cidade.
Londres
Zilbovicius argumenta que cidades mais desenvolvidas, como Londres, na Inglaterra, fazem licitação a cada cinco anos - e sempre apenas de um lote na cidade - de forma a garantir competitividade constante entre as empresas.
A prefeitura, por sua vez, defende o prazo argumentando que, como a frota da cidade deve ser renovada a cada dez anos - por determinação da própria gestão municipal -, o prazo foi pensado de forma a considerar investimentos em duas rodadas de renovação de toda a frota. “No edital, há um item que prevê uma reavaliação de todo o contrato, não de um item ou uma linha, a cada quatro anos. Pode-se mexer até na remuneração das empresas. A cidade poderá sempre rever isso, há uma cláusula prevendo revisões”, defende o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.
“A licitação é por área, não por linha. Isso permite que a SPTrans mantenha o controle das linhas e faça as mudanças que forem necessárias”, diz o secretário. “Londres é uma cidade mais consolidada que São Paulo, com uma rede metroviária muito maior. Por isso, eles podem fazer licitações por linhas.”
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