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Análise

É preciso ver relação preço com qualidade

Os aumentos consideráveis nos valores da receita e da tarifa do pedágio, na avaliação de especialistas consultados pela Gazeta do Povo, não podem ser analisados sem ponderar a qualidade do serviço ofertado. "Pagar R$ 10 por algo que é muito bom pode ser barato e pagar apenas R$ 1 por algo que é muito ruim será caro", diz o economista Marcelo Curado.

O economista Demian Castro, da UFPR, reforça que é preciso avaliar o que está sendo pago, as condições em que foram estabelecidas as concessões e se os serviços e os investimentos estão em dia. "Se está melhorando a qualidade, então o índice de reajuste acima da inflação passa a ter menos peso nessa avaliação."

O professor Luiz Afonso Senna, integrante do Laboratório do Sistema de Transportes da UFRGS e um dos principais especialistas em pedágio do país, destaca a dificuldade de analisar o momento presente avaliando o que foi feito no passado. "Quando os contratos foram feitos, há mais de uma década, os técnicos entraram no escuro, mirando o futuro. E estamos vivendo as conseqüências das escolhas certas ou erradas que foram feitas." (KB)

Em comparação com os preços que eram praticados quando o pedágio foi implantado no Paraná, em 1998, as tarifas praticamente triplicaram. A variação de 185% representa a média dos valores praticados em várias praças do estado. Alguns trechos subiram bem acima desse porcentual, como é o caso do percurso entre Curitiba e o litoral paranaense. A tarifa original era de R$ 4,10 e atualmente está em R$ 13,30 – oscilação de 224%.

O reajuste das tarifas é bem maior que a variação inflacionária do período (de 1998 a 2010), que foi de 117,8% em 12 anos. Diferentemente de contratos mais recentes de pedágio, como os de São Paulo e os praticados pelo governo federal, o modelo paranaense não usa o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o índice oficial de inflação, como fórmula para reajustar os valores cobrados nas praças. Uma combinação de indicadores econômicos – a maioria exclusivos do setor de obras rodoviárias – é que altera, ano a ano, as tarifas no Paraná.

Para o analista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socio­­econômicos (Dieese) no Paraná, o aumento na tarifa de pedágio acima da inflação reflete que o uso das rodovias concedidas está subindo acima dos demais componentes do custo de vida das pessoas. O economista Marcelo Curado reitera que qualquer item de despesa que tenha subido acima da variação está puxando para cima a própria inflação.

Além dos reajustes inflacionários, as tarifas também subiram em função de aumentos programados por alterações contratuais. A decisão de reduzir o valor pela metade por 18 meses e de modificar o cronograma de obras gerou os chamados degraus tarifários: uma variação porcentual a mais era incorporada à tarifa, além do reajuste previsto.

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