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O mineiro Marcos Salomão, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip) afirma que pão francês perderá qualidade e ficará menos nutritivo com a mistura de mandioca na farinha de trigo. Segundo ele, o setor poderá recorrer à Justiça para derrubar a lei, caso ela seja aprovada. A Abip representa as 52 mil padarias brasileiras, que deverão faturar neste ano cerca de R$ 30 bilhões – 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Geram 600 mil empregos diretos. "São micro e pequenas empresas familiares", diz Salomão, que concedeu a seguinte entrevista, por telefone.

Gazeta do Povo – Qual a avaliação do setor a respeito do projeto de lei?

Marcos Salomão – Ele não é democrático. Não aceitamos a obrigatoriedade. Já usamos a mistura, espontaneamente, em produtos como pão de queijo, biscoito de polvilho e broas. Mas no pãozinho não dá.

Por que o setor de trigo reagiu com tanta intensidade ao projeto?

A Comissão da Câmara é tendenciosa, pois 80% de seus membros são representantes do setor de mandioca, e discrimina o nosso lado. Ao invés de buscar um bom desempenho, o setor de mandioca está buscando uma reserva de mercado. Eles agem como sanguessugas, parasitas. Precisam de competência para trabalhar.

As padarias se submeterão à lei, caso ela seja aprovada?

Não. Vamos recorrer à Justiça, se for necessário. Mas nos recusaremos a cumprir uma lei que é inconstitucional, pois fere o direito de escolha do consumidor e da indústria.

O amido de mandioca prejudica a qualidade do pão francês?

Ele gera diferenças no produto final. Mudam características como textura, sabor e aparência do pão. Ele fica também menos nutritivo. O trigo tem mais de 10% de proteína, contra apenas 2% da mandioca. A mandioca não tem glúten. Sem glúten não se faz pão. Sugeri ao Aldo Rebelo (presidente da Câmara, autor do projeto de lei) que o governo faça um pão especial com mandioca para a merenda escolar, mas não mexa na tradição do pão francês.

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