A escultura “Luar do Sertão”, do artista plástico paranaense João Turin (1878-1949), foi vandalizada na madrugada da última sexta-feira. A peça – que retrata uma onça rugindo – está instalada num canteiro da rotatória da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico de Curitiba.
João Turin se destacou entre os principais nomes do Movimento Paranista – corrente da primeira metade do século 20 que visava resgatar símbolos e valorizar a identidade do estado, na literatura e nas artes plásticas. De tamanho natural, a obra, em bronze, foi fundida no ano de 1947.
Segundo informações da prefeitura de Curitiba, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente– responsável por zelar pela arte pública – foi notificada sobre o ocorrido e entrará em contato com a equipe do Ateliê João Turin – que tem os direitos sobre a obra do artista – para que a escultura seja restaurada o mais rápido possível.
O atentado à peça “Luar do Sertão” não é o único a atingir o acervo do artista. Em 2013, uma águia, homenagem feita por Turin ao jurista Rui Barbosa, teve de ser retirada da Praça Santos Andrade depois de passar por uma sessão de pedradas. Restaurada, a peça foi reinstalada ano passado, no mesmo local.
De acordo com o empresário Maurício Appel, gestor do acervo e do Ateliê do João Turin, a própria “onça” havia sido retirada para restauros em junho de 2013 e recolocada em maio do ano passado.
“É uma perda irreparável. Todas as obras do João Turin são tombadas pelo Patrimônio Histórico Arquitetônico do Estado. As pessoas não respeitam a importância desses trabalhos”, lamenta o curador. Em 2013, a presidente Dilma Rousseff presenteou o papa Francisco com a peça “Frade”, de Turin, o que colaborou na visibilidade do artista.
Custo
O pedaço de bronze que correspondia ao rabo da onça, segundo Appel, deve ser vendido em um ferro-velho por R$ 12. “Para reformar, o custo pode chegar a R$ 20 mil”, calcula. “Todas as obras acabam sendo alvos de vandalismo. Para quebrar a peça que compunha a cauda da escultura, a pessoa deve ter usado marreta. Fez barulho. E ninguém ouviu?”, comenta o gestor do acervo Turin.
Segundo o diretor da Guarda Municipal, inspetor Cláudio Frederico de Carvalho, a ação de vandalismo demonstra a falta de respeito à história. “Um dano irreversível”, afirma. Segundo ele, a região é monitorada por vídeo. “Vamos tentar identificar o responsável por esse ato. Ele irá responder judicialmente por dano qualificado ao patrimônio público.”