As manifestações ocorridas na noite de sexta-feira e na madrugada deste sábado (22) no Centro Cívico, em Curitiba, já registram um saldo de 31 pessoas detidas 28 pela Polícia Militar (sendo que 20 são maiores de idade e 8 são adolescentes) e três pela Guarda Municipal, todos maiores de 18 anos. O prejuízo causado pelas depredações de prédios públicos, estações-tubo, ônibus e outros mobiliários urbanos já é estimado em R$ 1,5 milhão, de acordo com o prefeito Gustavo Fruet, que passou a manhã visitando os locais destruídos e conversando com comerciantes que tiveram os estabelecimentos vandalizados.
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Manifestações pelo país podem ter provocado prejuízos de R$ 700 milhões
Ao longo da Avenida Cândido de Abreu, que abriga o Palácio Iguaçu, a prefeitura, alguns órgãos do Judiciário e os estabelecimentos que foram depredados, a maior parte da sujeira e dos cacos de vidro já havia sido varrida por volta das 9h da manhã. Mas era possível ver vários estabelecimentos pichados e grandes rombos nas janelas do prédio da Vara de Família e em portas e vidraças da prefeitura, assim como quatro estações-tubo, duas da Prefeitura, uma do Palácio Iguaçu e uma da Comendador Fontana, com todos os vidros quebrados e as portas danificadas. No total, dez linhas de ônibus tiveram de sofrer mudanças, já que não há condições para que os ônibus façam paradas nos tubos. Entre os estabelecimentos, todos os bancos da região foram atacados, e na manhã deste sábado, as entradas estavam cobertas com tapume, caso das agências dos bancos Santander, Itaú e Bradesco, além de uma lotérica, um salão de beleza, uma farmácia Nissei, um restaurante e o prédio do Jornal do Estado, próximos da prefeitura. De acordo com o arquiteto Jefferson Carollo, autor do projeto do restaurante depredado, o prejuízo estimado é de R$ 20 a R$ 30 mil. "A proprietária havia acabado de terminar a reforma, há cerca de um mês. O prejuízo está em torno disso, mas pode ser maior", disse Carollo, que foi ao local para se informar sobre os estragos. Prefeitura Por conta das depredações do prédio da Prefeitura, a central telefônica de vários serviços do município chegou a ficar fora do ar por 15 minutos. Segundo o encarregado da manutenção do prédio, Genivaldo Caiado, os vândalos destruíram o sistema de ar-condicionado do local, o que gerou queda na refrigeração do sistema de TI e fez com que a central telefônica de serviços como a Central de Leitos, Central de Luto, 156 e Guarda Municipal ficasse fora do ar.
Também foram quebradas 104 vidraças na quinta-feira, haviam sido 17, o que resultou em um saldo de 121 vidraças, além das portas eletrônicas, também danificadas, o que gerou um prejuízo de R$ 90 mil. O morador da região e cinegrafista amador, Henrique Alcazal, que postou vídeos no YouTube sobre a manifestação, afirmou que a manifestação foi pacífica e que o vandalismo foi alvo de uma minoria. "Inclusive, houve um momento em que um dos vândalos começou a quebrar a porta de um estabelecimento e o pessoal foi pra cima dele, dizendo para não fazer aquilo, e tentando até mesmo bater nele". Para Alcazal, a polícia não agiu de forma exagerada em relação aos vândalos, mas correu riscos ao lançar bombas sobre pessoas que protestavam de forma pacífica e que também sofreram com a reação. "É incrível a quantidade de policiais que estavam aqui ontem para proteger o patrimônio público. Mas quando chamamos os policiais em um caso de assalto, eles nunca vêm. Acho que é preciso refletir sobre isso também", criticou o morador. Detidos A Polícia Militar deteve 28 pessoas no total, das quais sete permaneciam presas até por volta do meio-dia deste sábado. Já a Guarda Municipal prendeu três manifestantes em flagrante enquanto estes depredavam as vidraças da prefeitura. Os três rapazes possuem 18 anos, e um deles afirmou que fez aniversário na última quinta-feira. Os jovens foram encaminhados ao Palácio Iguaçu, onde foi instalada uma delegacia itinerante, e de lá foram levados para O Centro Integrado de Atendimento Ao Cidadão (Ciac-Sul), no Portão.
Os adolescentes são acusados de desacato, tentativo de lesão corporal e dano qualificado. Eles prestaram depoimento e foram soltos depois de assinarem boletim de ocorrência circunstanciado, que os obriga a comparecer novamente à Justiça para dar mais explicações.
Fruet diz que generalizações são perigosas O prefeito Gustavo Fruet percorreu os estabelecimentos na manhã de sábado e, ao conversar com moradores e a imprensa, defendeu uma "punição dura" para quem foi detido depredando o patrimônio público e privado, mas afirmou que "as generalizações são perigosas". "As manifestações, a cobrança, são algo legítimo, mas não podemos aceitar esse tipo de atitude [vandalismo]. Curitiba não é assim. Sempre passamos uma imagem de respeito e civilidade para o mundo. Não podemos tolerar isso e vamos exigir uma punição dura para essas pessoas".
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