O programador Júlio Ricardo Petters Siqueira, 27 anos, precisava iniciar a construção de sua casa, mas não tinha dinheiro suficiente. No início do ano recebeu um convite para participar de uma vaquinha na internet, em que, ao invés de fazer a tradicional arrecadação monetária no "boca a boca", a rede é utilizada para mobilizar familiares e conhecidos. O programador não pensou duas vezes e resolveu fazer o mesmo. A meta dele é arrecadar R$ 5 mil até o final do ano. Em quatro meses conseguiu R$ 525 e, juntado com o pouco que tinha, já está morando na casa nova com a mulher, embora a construção ainda esteja inacabada nem luz tem.
Assim como Siqueira, outras 4 mil pessoas já se cadastraram no site www.vakinha.com.br para arrecadar fundos pela internet. As causas variam. Há quem precisa construir ou reformar a casa, como o programador; quem deseja dar entrada em imóveis; pagar dívidas; e até fazer a festa de casamento dos sonhos.
A ideia do site surgiu há três anos quando o gaúcho Luiz Felipe Gheller iria se casar e mudar para Espanha. Não poderia levar presentes e a viagem já estava paga. O cunhado Fabrício Milesi ficou encarregado de encontrar uma solução para que, ao invés de objetos, o casal pudesse levar dinheiro na viagem. Criou então o Vakinha, que está no ar desde o início do ano.
Gheller voltou a morar no Brasil quando a iniciativa decolou. Hoje o site tem cerca de 500 mil participantes. Os donos das vaquinhas, os "vakeiros", conseguem em média R$ 500. Alguns participantes utilizam a ferramenta para arrecadar dinheiro para terceiros e até organizações não-governamentais participam pedindo contribuições. Os valores pedidos variam de poucos reais até R$ 40 mil para ajudar na compra de um apartamento. Há também quem queira viajar e curtir o carnaval em outro estado ou fazer festas e churrascos. "Por isso o Vakinhas se tornou tão popular em pouco tempo. O site é flexível, cada um pode fazer a sugestão que quiser e encerrar a qualquer hora", diz Milesi, atual diretor comercial do site.
O publicitário Fábio Nikaido, 26 anos, é outro que recorreu ao Vakinha. Ele conseguiu comprar um carro, mas não tinha dinheiro para o som. Sempre levava caroneiros de plantão que pediam trilha sonora. Como tinha as despesas do veículo, Nikaido criou uma vaquinha on-line para comprar o tão requisitado som. A conta criada em abril pedia R$ 590 e ele arrecadou R$ 77. "Mandei a vaquinha para todos os meus contatos. Tenho esperança de conseguir a quantia pedida."
Na hora em que a vaquinha vai para o ambiente on-line, o usuário pode importar contatos do e-mail, MSN, blogs e redes sociais como Orkut e Twitter. Não há custos para os "vakeiros". A contribuição é feita por meio de uma ferramenta chamada PagSeguro, do grupo UOL, que possibilita ao doador a utilização do cartão de crédito. O usuário recebe o dinheiro por meio de sua conta corrente. É daí que vem o lucro dos inventores. Eles recebem um porcentual do PagSeguro. E o próximo passo é o Vakinha Corporativo, levando o sistema para lojas e criando sistemas de vendas específicos.
Outros meios
O astrólogo João Acuio também utilizou a internet para arrecadar fundos. O site dele estava completando um ano e ele queria presentear os leitores. Decidiu montar uma rifa custando R$ 2 para poder sortear consultas para a confecção do mapa astral e dez livros. Acuio mobilizou até leitores de outros países, como Portugal, e vários estados do Brasil. Foram cerca de R$ 800 arrecadados e mais de dez consultas sorteadas. "Cada mapa custa cerca de R$ 200, então conseguimos presentear várias pessoas. Foi uma boa saída para ter mais prêmios. Já estão perguntando quando será a próxima."
Para contribuir
Vaquinha Júlio Ricardo Petters Siqueira http://vakinha.uol.com.br/Vaquinha.aspx?e=1263
Vaquinha Fábio Nikaido http://vakinha.uol.com.br/Vaquinha.aspx?e=1578&pwd=