A Secretaria de Estado do Vaticano requisitou aos representantes pontifícios que partilhassem com os bispos de cada país alguns esclarecimentos sobre os comentários em relação às uniões civis homossexuais feitas pelo Papa Francisco, em um documentário lançado no festival de cinema de Roma no dia 21 de outubro.
Conforme já havíamos adiantado aqui na Gazeta do Povo, as palavras do papa foram tiradas de contexto. Neste domingo (1.º), a Secretaria de Estado do Vaticano confirmou, não só que as palavras que o Papa Francisco disse no documentário foram mal interpretadas, mas que elas foram retiradas de duas perguntas diferentes e reproduzidas como se fosse uma resposta só.
O texto afirma que na primeira parte o Papa respondia uma pergunta de âmbito pastoral acerca da necessidade de que, no âmbito familiar, as pessoas com orientação homossexual não sejam discriminadas. A isso se refere as palavras: “as pessoas homossexuais têm direito a estar em família; são filhos de Deus, têm direito a uma família. Não se pode afastar da família ninguém nem fazer a sua vida impossível por isso”.
A outra parte da resposta de Papa Francisco é em relação a lei argentina de 10 anos atrás sobre “casamentos de casais do mesmo sexo” e a oposição do então Arcebispo de Buenos Aires a esse respeito. A respeito disso o papa respondeu que “é uma incongruência falar de matrimônio homossexual” e acrescentou que essas pessoas deveriam ter, contudo, alguma cobertura legal.
“O que temos de fazer é uma lei de convivência civil; [elas] têm direito de estarem cobertas legalmente. Eu defendi isso”, disse o Papa no documentário.
A Secretaria de Estado do Vaticano afirma ainda que “é evidente, portanto, que [o papa] se referiu a determinadas disposições estatais, certamente não à doutrina da Igreja – numerosas vezes reafirmada no curso dos anos.”
Segundo relatou o portal Terra, o diretor do documentário, Evgeny Afineevsky, que já havia se recusado a discutir o processo de edição do filme, não comentou a nota do Vaticano.
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