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Autoridades da Igreja Católica disseram ontem que a criação de uma célula sintética, anunciada na quinta-feira, pode ser um avanço positivo se usado corretamente. Bispos e cardeais advertiram os cientistas sobre a responsabilidade ética do progresso científico e disseram que a forma como a inovação vai ser aplicada no futuro é muito importante.

"É uma grande descoberta científica. Agora, temos de entender como será usada no futuro", disse à Associated Press o monsenhor Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Vida, que administra os assuntos relativos à bioética no Vaticano. Além de Fisichella, o cardeal Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova e presidente da Conferência Episcopal Italiana, e o pediatra Carlo Bellieni, que publicou um artigo no jornal L’Osservatore Romano, também enfatizaram a responsabilidade ética no uso das novas tecnologias.

O reverendo Jean Carlos Selleti, coordenador do curso de Teologia da Faculdade Evangélica do Paraná, compartilha da preocupação dos católicos.

"Pelo que se tem publicado até agora, parece que os benefícios devem ser grandes, mas todo avanço precisa de critério", ressaltou.

Selleti comentou também uma controvérsia teológica que pode ganhar impulso com a pesquisa de Craig Venter: se o homem pode interferir assim na vida, Deus se tornaria irrelevante? "De um ponto de vista filosófico, Deus continua sendo a causa primeira. Nesse sentido, não creio que o fato de o ser humano conseguir animar uma célula ameace a crença na existência de Deus", afirmou. O teólogo Mario Sanches, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, acrescenta: "Nossa dependência de Deus é de ordem espiritual, e não de ordem biológica ou física."

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Sobre ciência e religião no blog Tubo de Ensaio.

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