Brasília O empresário Luiz Antônio Vedoin, sócio da Planam, empresa apontada pela Polícia Federal como chefe do esquema dos sanguessugas, afirmou ao Conselho de Ética da Câmara que o empresário Abel Pereira recebia 6,5% sobre todas as emendas que liberava no Ministério da Saúde.
Embora não trabalhasse na pasta, Abel tinha ligações com o ministro Barjas Negri, que ocupou o cargo no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Vedoin, "todas as emendas que Abel intermediava foram executadas".
O sócio da Planan disse que não tem conhecimento se o empresário repassava para o ministro a propina que recebia em troca da execução das emendas. "Sei que ele tinha relação com o ministro, mas não tenho conhecimento se ele repassava o dinheiro", afirmou. Os deputados não questionaram Vedoin sobre quanto Abel teria recebido da quadrilha.
Vedoin inocentou quatro deputados apontados pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com a quadrilha: Pedro Henry (PP-MT), João Batista (PP-SP), Celcita Pinheiro (PFL-MT) e Érico Ribeiro (PP-RS). Ele negou que tivesse repassado "comissão" para estes parlamentares. O empresário reafirmou, no entanto, ter pago propina a outros parlamentares.
O empresário confirmou que teria havido acerto para pagamento ao deputado Paulo Feijó (PSDB-RJ) de uma propina de 10% do valor de emenda encaminhada por esse parlamentar em favor do esquema. Afirmou também que teria havido envolvimento do deputado João Magalhães (PMDB-MG) com a máfia, relacionado ao pagamento de R$ 42 mil referente a um veículo. O empresário disse que o suposto acordo com Magalhães teria sido fechado pelo seu pai e também dono da Planam, Darci Vedoin.
Sessão aberta
O advogado de Vedoin, Otto Medeiros, pediu ao Conselho para que a sessão fosse fechada. No entanto, após muita discussão, o pedido foi rejeitado. Medeiros alegou que todos os outros depoimentos de Vedoin foram fechados, mas o Conselho justificou que não se trata de uma CPI e que, por isso, não havia respaldo para que a sessão fosse reservada.
O empresário também disse que não ofereceu para Abel nenhum dossiê contra o senador Aloízio Mercadante (PT-SP). Vedoin se recusou a falar sobre o assunto, pois disse que o tema do depoimento de ontem era outro. Abel afirmou à Polícia Federal há duas semanas que Vedoin teria oferecido a ele documentos contra Mercadante, então candidato ao governo do estado de São Paulo.
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