Na última terça-feira (28 de agosto) comemorou-se a existência de psicólogos, médicos, palhaços, costureiras, contadores de histórias, professores, administradores, pedreiros e outros profissionais que dedicam uma parte do seu tempo para fazer um trabalho que não é remunerado, mas que se converte em inúmeros benefícios para quem recebe e para quem faz. O Dia Nacional do Voluntariado, instituído por lei federal em 1985, busca celebrar a existência dessas ações solidárias e estimular outras pessoas a se juntarem aos 25% de brasileiros que hoje desenvolvem atividades voluntárias. Para incentivar a participação de mais cidadãos nesse tipo de iniciativa e auxiliar quem se interesse pela área, preparamos um guia com as informações necessárias para quem quer dedicar seu tempo a ajudar outras pessoas.
Tempo
Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo instituto Ibope Inteligência em novembro do ano passado em todas as regiões do Brasil, 67% dos voluntários têm um emprego remunerado, e 51% trabalham em tempo integral. Para Thiago Baise, analista de projetos do Centro de Ação Voluntária (CAV), apesar de as instituições precisarem do tempo das pessoas, o principal requisito para ser voluntário é querer. "Tem de ter vontade de ir atrás da instituição. Quando a pessoa quer mesmo, ela encontra um espaço na agenda", afirma.
Áreas de atuação
Tânia Mara Cardozo, diretora administrativa e de voluntariado da Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (Apacn), afirma que uma das características desse tipo de trabalho é a diversidade de opções de atuação e a flexibilidade. "As pessoas podem escolher fazer o que gostam, pelo período que desejarem e onde quiserem." Um voluntário pode atuar na área de assistência social, cultura e artes, defesa dos direitos humanos, educação, saúde. Além de encontrar vagas em organizações não governamentais (ONGs) e instituições sociais, os voluntários têm espaço em associações de moradores, programas organizados por empresas e ações isoladas de grupos de amigos, que se unem, por exemplo, para promover o plantio de árvores em parques ou prestar assistência a comunidades carentes.
Capacitação
Cada vez mais comuns nas instituições sociais, as palestras feitas logo após o cadastro do voluntário e antes do início da atividade solidária servem para explicar o contexto do voluntariado no Brasil, qual é a legislação que rege a prática no país, como funciona a entidade que oferece o serviço e quais são as ações a serem desenvolvidas. Além disso, elas fazem com que o voluntário reflita sobre sua iniciativa. "É importante haver essa reflexão, porque só com o impulso inicial às vezes não é possível enxergar as necessidades do outro", explica Thiago Baise, do CAV. Segundo ele, é essa preparação que garante a permanência da pessoa por mais tempo no voluntariado.
Benefícios
"O voluntário não espera por isso, mas ele vê a recompensa nas manifestações de carinho das pessoas e no seu desenvolvimento como ser humano", afirma Tânia Cardozo. Ela acrescenta que, ao doar o seu tempo e esforço por uma causa nobre, a pessoa percebe que os seus problemas são pequenos diante das dificuldades pelas quais o outro passa. Thiago Baise revela ainda que o voluntariado se converte em uma oportunidade de melhorar a autoestima. "As instituições nascem com o intuito de ajudar outras pessoas, entretanto, o voluntário pode botar para fora algo de bom que você tem. É uma via de mão dupla", diz.