São Bernardo do Campo – "Se Deus quiser ele vai vencer". A esperança e a fé que o todo poderoso vai ajudar seu velho amigo Luiz Inácio Lula da Silva se reeleger emociona Luísa Maria de Farias. Para Luísa ou Tia – apelido dado por Lula quando ele saiu da cadeia, depois de ser preso por fazer greve e atentar a lei de Segurança Nacional da ditadura militar –, o amigo presidente fez muito pelos pobres.

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Tia conheceu Lula em 1980. Ela foi contratada para ser a cozinheira do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e era liberada para viajar com Lula e outros fundadores do Partido dos Trabalhadores pelo interior de São Paulo e para outros estados para montar diretórios do partido.

Durante as temporadas cozinhando para Lula e a turma do PT, Luísa foi aprendendo os gostos culinários do candidato-presidente. "Ele gosta de feijoada, polenta com frango, bisteca, arroz com feijão e café forte. Mas com os problemas de saúde ele não tá podendo comer mais estas coisas", conta Luísa.

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Favela

Quando conheceu Lula, Luísa morava com a família na favela da Vila Nova Divinéia. O marido era funcionário da Volkswagen. O presidente ajudou a cozinheira a conseguir o aluguel da lanchonete que fica no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

"Dou minha vida por aquele homem. Tenho amor por ele como tenho por meus filhos", afirma Luísa, viúva duas vezes, mãe de 18 filhos – apenas seis estão vivos –, paraibana de Monteiro e que vive há 40 anos em São Bernardo do Campo. A filha e o genro tocam a lanchonete depois que Luísa se aposentou. Ela vai todos os dias à lanchonete. O local é freqüentado por funcionários do Sindicato e pessoas que trabalham na região. Os clientes já se acostumaram a ver Luísa dando entrevista para jornalistas de várias partes do Brasil e do mundo, que pedem para ela contar histórias do amigo-presidente.

Crise política

Sobre a crise política que atingiu o governo de Lula, Luísa diz acreditar que ele foi enganado pelos amigos. "Ele acreditou nos amigos e eles ferraram ele." A cozinheira aposentada conta que o presidente sempre se preocupa em saber dos amigos, principalmente dos velhos companheiros de vida sindical.

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Ela conta que quando encontra o presidente, ele sempre aconselha ela a arrumar um companheiro para sair, para comer uma pizza. Luísa dá risada e afirma que "não tem mais disposição para namorar".

Luísa lamenta ver pouco o amigo. A última vez que conversou com Lula foi no comício que o petista fez em São Bernardo do Campo às vésperas do 1.º turno. "É muito raro não vê-lo e não chorar", afirma Luísa. O comício foi em 29 de setembro, no centro da cidade, e foi no mesmo dia do debate organizado pela TV Globo. A ausência do presidente no programa acabou tirando votos dele.

Política

A cozinheira conta que sempre gostou de política e que Lula insistiu para ela ser candidata a vereadora na cidade. "Lula me disse ‘Tia, você tem que ser vereadora’. Mas eu não sei mentir. Não quis não", alega.

Luísa aproveita para fazer uma revelação: "Sei quando o Lula está nervoso. Ele começa a esfregar as mãos, coloca elas no bolso."

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