
Eles se reúnem no barco na beira do mar. Carregam equipamentos, cerveja e histórias para contar durante as horas de lazer. Eles são os pescadores da temporada de verão do Paraná. Enquanto a maioria dos turistas procura as praias para se divertir, os lobos do mar paranaense preferem esperar a hora certa para que um peixe morda a isca e, então, fazer a festa com a captura.
A pesca amadora e esportiva no Litoral não requer idade ou experiência: apenas interesse em querer se divertir, fazer amizades e, quem sabe, pegar um peixe. O dentista André Assef, 39 anos, se aventura na prática desde os 7 anos, quando pescava com o tio nos rios da Região Metropolitana de Curitiba. Quando passa as férias no Litoral do Paraná, ele acorda antes do sol nascer e vai à Baía de Guaratuba para a pescaria esportiva a bordo de seu barco, o "Maria Eugênia", nome da esposa.
Ela o acompanha para algumas horas sobre as águas, mas nem sempre tem o mesmo empenho na prática. O dentista garante que não há discussão sobre lazer no litoral enquanto ele passa horas no barco. "Cada um sabe de seus gostos. A minha esposa respeita, ainda mais porque ela casou sabendo que eu gosto de pescar", brinca.
Homens e mulheres
O sexo feminino também invade as águas do Litoral do Paraná durante a temporada, muitas vezes por incentivo dos maridos. Foi o caso da aposentada Neiva Bueno da Silva, 52 anos, de Curitiba. Em quatro anos de prática, ela diz que ainda não aprendeu realmente a pescar. "Aprendo com o tempo, mas a gente se diverte com a pescaria, principalmente quando o peixe pula na isca", conta ela, que é a única mulher na família que prefere a pesca no lugar da praia na temporada.
A comerciante Elze Uda, 61 anos, há dez anos não queria saber da prática, mas hoje já tem histórias para contar. "Eu ficava com meu marido enquanto ele pescava, mas achava cansativo. Até que resolvi começar e logo no início peguei um robalo de 2 quilos e outro de 2,5 quilos", conta, orgulhosa.
Pescaria noturna
Peixe-espada é melhor pegar à noite, dizem os pescadores de temporada. Por isso, muitos se reúnem no local de chegada e saída das balsas do ferryboat, em Guaratuba, para passar a madrugada em busca da espécie. "É um peixe sem vergonha que escolhe lugar que tem barulho pra enganar quem pesca", aconselha o aposentado Rui Ferreira Filho, 60 anos, de Pontal do Paraná.
Ele também recomenda aos pescadores da temporada a melhor forma de pegar o peixe- espada, além do local certo: é necessário uma boia luminosa, o starlight (equipamento também luminoso que fica junto à boia) e um anzol do tipo garateia.
Em seu segundo ano na pesca pelo Litoral do estado, o operário de Curitiba Fabrício Dutra, 28 anos, se reúne no local com os amigos de Paranaguá. Em dez dias de lazer, pelo menos sete são reservados para as madrugadas de espera pelo peixe-espada. "O bom é aprender com os pescadores mais experientes", diz.
Mesmo com poucos anos na área, ele já passou por situações divertidas enquanto pescava. "Em uma pescaria no Rio São João (Guaratuba), estavamos eu e mais cinco caras dentro de um barco e todos caíram na água porque um deles ficou em pé para fazer xixi e inclinou o barco." Apesar do acidente, ninguém se feriu, conta Dutra. "Foi só risada."