"Chega, verão!" Esta foi a frase que a estudante Paula Andrade, 17 anos, mais reproduziu em suas conversas via internet com os amigos nos últimos meses. Além da saudade do sol e da vontade de rever o mar, a jovem de Alvorada do Sul, no Norte do Paraná, estava ansiosa para rever a "turma da praia". Ela não sabe precisar quantas pessoas fazem parte da galera, mas estima que são mais de 30. "Eu e minhas primas ficamos no mesmo apartamento na praia há muitos anos, desde que éramos crianças. Toda temporada aumentamos o número de amigos", revela.
As primas de Paula são as irmãs curitibanas Yaskarah (19 anos), Bárbara (18 anos), Janaina (16 anos) e Victória (12 anos) Maziero. Elas concordam que o melhor do verão é ter amigos para curtir as férias. "Quando descemos para a praia já temos até alguns programas definidos", diz Janaina, embaralhando as cartas para mais uma partida de truco na mesa de uma sorveteria em Caiobá.
Em janeiro do ano passado, o surfista curitibano Plínio Vinícius, 26 anos, foi incorporado ao grupo. "Ele ensina a gente a surfar e a andar de skate", diz Paula. Este ano, Plínio trouxe para a turma mais dois amigos: Juan Almeida, 25 anos, e Raul Boneto, 19 anos. "É assim. Todo ano a galera aumenta. Mas quanto mais amigos, melhor", garante Bárbara.
O grupo não se identifica como pertencente a uma tribo específica. Nem todos gostam do mesmo estilo de música, nem frequentam os mesmos lugares quando saem em Curitiba. Aliás, raramente se encontram na capital. "Na praia vale estar animado, gostar de sair, topar tomar banho de chuva e ter idéias para aproveitar o dia que não dá praia", diz Paula.
Sobe e desce
Vários adolescentes e jovens têm grupos de amigos que se encontram no Litoral. Mas, ao contrário da turma da Paula, algumas amizades de praia sobem a serra. É o caso de Fernanda Conceição Beker, 13 anos, e Giovana Padilha Polzin, 14 anos. As duas estudam na mesma escola em Curitiba, mas não se falavam. "Nunca tivemos oportunidade de conversar. Uma já tinha visto a outra, mas não tínhamos amigas em comum", diz Giovana.
Foi no verão de 2003 que ambas descobriram que se hospedavam no mesmo condomínio na praia de Caiobá. "Foi bem engraçado. Nos encontramos na piscina e começamos a brincar (na época, tinham 7 anos). Faz seis anos que somos amigas", completa Fernanda.
A amizade não ficou só entre as duas. Cada uma trouxe a sua patota e o grupo já tem 20 pessoas, no mínimo. "Alguns ainda não chegaram. Vão vir só no fim de janeiro. Como somos muitos, já está difícil reunir todo mundo", diz Fernanda.
O grupo é composto basicamente por meninas. Elas alegam que é mais fácil entrar em um acordo na hora de decidir o que fazer. "Às vezes os meninos querem jogar futebol ou vídeo game. A gente prefere ficar na piscina", diz Giovana.
Entrando na onda
Quando Fernanda e Giovana se conheceram, Sabrina Conceição Beker, irmã de Fernanda, tinha apenas 3 anos. Hoje, com 10 anos, a menina entra na brincadeira das mais velhas. Mesmo caso de Julia Yasmim Padilha, 10 anos, prima de Giovana. "Elas são mais novas, mas nos acertamos bem. E com mais pessoas, a diversão é maior", garante Giovana.
Segundo a psicóloga Bárbara Snizek, a pré-adolescência pode chegar aos 10 ou 11 anos. "Depende das relações da criança. Mas é comum ver, especialmente meninas, entrando na adolescência mais cedo", explica.
Este convívio também é saudável entre a turma que se encontra na colônia de férias da Associação dos Servidores Públicos do Paraná (ASPP), em Matinhos. Como o espaço recebe servidores de cidades diferentes, as turmas se formam durante o período de estada dos adolescentes.
Jéssica Maschio Martini, 16 anos, veio de Guarapuava e conheceu Carolina do Prado Semes, 14 anos, que é de Curitiba. Elas têm irmãs mais novas, Kauana Maschio Martini e Amanda do Prado Semes, ambas com 10 anos. "O mais divertido aqui é ficar na piscina ou participar dos jogos da associação. Tudo isso podemos fazer juntas", diz Kauana.
O grupo deve se desfazer amanhã, quando as meninas voltam para as suas cidades. Nas próximas férias não há garantia de que elas se encontrem, mas não há dúvida de que a amizade, ao menos virtual, vai continuar. "Peguei o e-mail e o Orkut (site de relacionamento) de todo mundo. Vamos continuar nos falando", garante Carolina.