Transmissão de vírus pela água do mar é descartada
Análise do Lacen aponta que pacientes do Litoral paranaense foram infectados pelo Norovírus, o mesmo que causou surto no litoral paulista e tem como principal causa de transmissão a falta de higiene.
Saiba os riscos de se nadar em água contaminada
Os veranistas não devem entrar no mar nos pontos que forem considerados impróprios para banho, segundo a avaliação do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Os banhistas que tiverem contato ou ingerirem água contaminada com a bactéria Escherichia coli (E.coli) podem ter gastroenterites, conjuntivite e doenças de pele, alerta o médico infectologista José Luiz de Andrade Neto, consultor do Ministério da Saúde e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
O infectologista afirma que a gastroenterite causa diarreia, vômito, náuseas, entre outros sintomas. Além disso, a pessoa pode ficar desidratada e, dependendo da gravidade, isso pode até levar a morte . "É preciso redobrar a atenção nas áreas de baía. A renovação da água do mar é mais lenta", diz Andrade Neto. Em caso de suspeita de contaminação, deve-se procurar um médico.
Quando os olhos entram em contato com água contaminada, há também o risco de se ter conjuntivite bacteriana. Andrade Neto destaca que isso é muito comum em crianças, pois elas têm o costume de "esfregar" os olhos depois de um mergulho, por isso os pais devem estar atentos ao local em que permitirão que os pequenos se banhem.
As bactérias presentes na água contaminada também podem causar infecções de pele, principalmente se a pessoa tiver cortes e queimaduras do sol. "Quando as pessoas estão queimadas, pode haver a formação de bolhas, as quais quando furam deixam a pele exposta à entrada de bactérias", explica o infectologista.
Saneamento básico
O infectologista salienta que os proprietários de imóveis no Litoral precisam ter consciência de que é necessário fazer a ligação correta de esgoto. Isso porque o depósito de fezes e esgoto no mar é o grande responsável pela existência de bactérias na água e até mesmo de vírus.
Um exemplo é o vírus da Hepatite A. Se uma pessoa que tem a doença despejar os dejetos no mar, outras pessoas poderão ser contaminadas com a doença se ingerirem água contaminada.
Os principais sintomas apresentados pelas pessoas que contraem a Hepatite A são febre, olhos amarelos (icterícia) e dores abdominais. Não deixe de procurar um médico, caso tenha os sintomas da doença (FL).
O número de pontos próprios para banho nas praias do Paraná caiu no 8º Boletim de Balneabilidade do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) desta quarta-feira (3). Apenas oito dos 43 pontos analisados são indicados para banho pelo órgão ambiental. Na semana passada eram 10.
Dos oito locais indicados, cinco estão em Guaratuba e três em Matinhos. Os pontos que receberam classificação positiva estão nos balneários Flórida (60 metros à direita da Rua da Saudade) e Riviera (nas proximidades da Rua Tamboara), em Matinhos. Também há um ponto próprio na Praia Mansa de Caiobá (perto da Rua Céu Azul).
Já em Guaratuba, os pontos próprios estão na Praia de Caieiras (em frente à Rua Frederico Nascimento), na Prainha (300 metros a direita do Rio Prainha), 100 metros à esquerda do Morro do Cristo, no Balneário de Nereidas (em frente à Rua Costa Rica), no Balneário Barra do Saí (próximo à Rua Guairacá).
Chuvas e ventos
De acordo com o secretário de Estado do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, a chuva e o vento são os responsáveis pela piora da condição da água do mar. Os ventos soprando da região de Matinhos até Paranaguá impediram que a poluição levada pela chuva ao mar fosse embora, diz o secretário. Quando chove as fossas sépticas transbordam e o material é levado para o mar, bem como o lixo deixado no chão e os dejetos dos animais. Entretanto, há renovação constante da água oceânica, e a sujeira é levada da costa. Mas, esse processo é "atrapalhado" pelo vento, que faz com que a poluição fique retida na costa.
Rasca disse ainda que se apenas a análise desta semana fosse considerada, o resultado seria melhor. "O boletim considera a análise das amostras coletadas nas últimas cinco semanas, e - como choveu muito em janeiro - ainda estamos sentido os efeitos negativos", afirma. Ele destaca também que de Guaratuba até Caiobá (nas proximidades da Rua Jacarezinho) o número de bactérias de Escherichia coli (E. coli) por cada 100 milímetros era inferior a 800, ou seja, dentro dos padrões aceitáveis para considerar a área própria para banho.
O aumento do número de veranistas nas praias no Carnaval deve contribuir para a piora da balneabilidade, mas não será o fator decisivo. Para o secretário, se houver tempo bom o resultado pode ser semelhante ao desta semana. "A chuva é que irá determinar se o número de pontos vai diminuir. Com chuva essa possibilidade é grande", afirma Rasca.
Rios
A situação dos rios também piorou no 8º. Boletim de Balneabilidade. Dos cinco pontos analisados pelo IAP, dois estão próprios para banho - na semana anterior eram quatro. São eles o Rio Nhundiaquara (nas proximidades do Largo Lamenha Lins), em Morretes, e do Rio Marumbi (na Ponte Estrada Anhaia), também em Morretes.
Os pontos que receberam classificação negativa do IAP foram o da Ponta da Pita, na Baia de Antonina, o Rio Nunes, também em Antonina, e o outro ponto Rio Nhundiaquara (nas proximidades do Porto de Cima ).
Método
O procedimento utilizado na avaliação faz comparativo entre as últimas cinco amostras coletadas em 43 pontos analisados semanalmente. É considerado impróprio para a recreação o ponto que apresentar resultado superior a duas mil bactérias de Escherichia coli (E. coli) por 100 milímetros, ou quando duas ou mais amostras apresentam índices superiores a 800 E. coli por 100 milímetros.
Os pontos monitorados são aqueles que possuem maior fluxo de pessoas, e o perímetro considerado inadequado corresponde ao trecho 100 metros à esquerda e 100 à direita da bandeira de sinalização. O maior vilão da balneabilidade é o despejo de esgoto sem tratamento em rios e mares. Por isso, reforça o secretário, é fundamental que todos os proprietários de imóveis no Litoral cujo esgoto esteja em situação irregular procurem a Sanepar para ser incluído na rede de coleta e tratamento.