| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A expansão imobiliária em Balneário Camboriú tem feito com que banhistas convivam com um novo elemento na Praia Central – a uma larga faixa de sombra na areia. Projetado pelos prédios mais altos de frente para o mar – alguns entre os mais altos do Brasil, este bloqueio do sol no meio da tarde tem gerado uma polêmica aqui, outra ali, mas agradado dois públicos em especial.

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Na primeira categoria estão os veranistas que não querem esperar, por exemplo, até o fim da tarde para sair para uma caminhada pelo calçadão da orla. A falta de sol batendo forte no rosto é ainda um convite para aproveitar o tempo aberto e fazer exercícios ao ar livre. Há quem prefira ainda fechar o guarda-sol e abrir mais espaço na areia.

Quem mora na cidade afirma que a sombra na Praia Central de Balneário Camboriú também é bastante democrática. “A parte Norte é onde a sombra começa mais cedo, por volta das 15 horas. Na Barra Sul, são 17 horas e ainda tem sol”, explica o vendedor Antônio Nunes, de 50 anos, sobre as orientações que repassa aos clientes na hora de alugar para eles cadeiras e guarda-sóis. Apesar de algumas reclamações sobre os “espigões” construídos próximo à orla, ele diz que há interessados em ficar de ambos os lados.

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A empresária Margarete Silveira Fadel, de 50 anos, que mora na vizinha Brusque (SC), afirma não se incomodar com a sombra dos arranha-céus de mais de 150 metros de altura. “É tão a cara de Balneário Camboriú estes prédios na orla com vistas tão lindas que não me atrapalha em nada”, define. Para ela, a sombra ajuda a deixar mais agradável a prática de exercícios físicos na areia. “É muito comum pessoas fazendo atividade física aqui durante o dia. Isso se intensifica mais ainda no fim da tarde”, pontua.

São as construtoras, no entanto, que riem à toa com toda esta zona de sombra. Isso porque edifícios construídos com a proposta de serem os mais altos têm as vendas fechadas antes mesmo da entrega. O metro quadrado varia entre R$ 8,5 mil e R$ 13 mil, dependendo do número de quartos da unidade, calcula o Sindicato de Habitação e Condomínios de Santa Catarina (Secovi-SC), sediado em Balneário Camboriú. Os preços de um apartamento costumam partir de R$ 1,5 milhão, mas podem chegar a R$ 25 milhões, no caso de coberturas e unidades tríplex.

De acordo com o presidente do Secovi-SC, Sérgio Luiz dos Santos, um dos fatores que levam à construção de prédios tão altos é a escassez de terrenos perto do mar e a possibilidade de construções mais altas, prevista na legislação local. Ele afirma que há demanda para o que é ofertado porque Balneário Camboriú é considerada um polo de lazer e qualidade de vida.

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Além disso, como o público comprador é de várias regiões do país e, às vezes, até de fora, os negócios fechados não dependem de apenas uma atividade produtiva, como o agronegócio ou a indústria. “Diante disso, o aumento da faixa de areia é uma preocupação e já existe projeto da prefeitura para alargamento disso”, assinala Santos.

Gerente comercial de uma das construtoras que atuam na cidade, a FG Empreendimentos, Davi Tamanini relata que a demanda e o tamanho dos terrenos viabilizam edificações mais altas. Em geral, a procura por apartamentos para comprar começa em novembro, quando veranistas vêm à cidade e entram em contato com as construtoras. “Muitos compram antes da entrega, o que tem vantagens como conseguir condições melhores de pagamento, e valorização do investimento”, observa.

A empresa lançou há alguns anos o Edifício Millennium Palace, de 44 pavimentos e quase 190 metros de altura. Para os próximos anos, deve ocorrer a entrega do One Tower, projetado para 72 andares, o Infinity Coast, para 66 andares, e o Epic Tower, para 55 pavimentos.

Os projetos tanto do Infinity Coast como do One Tower estão em fase de desenvolvimento e por isso ainda não estão sendo comercializados. Mesmo assim, enfatiza Tamanini, a previsão de negócios é otimista. “O mercado por aqui não para”, define o gerente.