A expansão imobiliária em Balneário Camboriú tem feito com que banhistas convivam com um novo elemento na Praia Central – a uma larga faixa de sombra na areia. Projetado pelos prédios mais altos de frente para o mar – alguns entre os mais altos do Brasil, este bloqueio do sol no meio da tarde tem gerado uma polêmica aqui, outra ali, mas agradado dois públicos em especial.
Na primeira categoria estão os veranistas que não querem esperar, por exemplo, até o fim da tarde para sair para uma caminhada pelo calçadão da orla. A falta de sol batendo forte no rosto é ainda um convite para aproveitar o tempo aberto e fazer exercícios ao ar livre. Há quem prefira ainda fechar o guarda-sol e abrir mais espaço na areia.
Quem mora na cidade afirma que a sombra na Praia Central de Balneário Camboriú também é bastante democrática. “A parte Norte é onde a sombra começa mais cedo, por volta das 15 horas. Na Barra Sul, são 17 horas e ainda tem sol”, explica o vendedor Antônio Nunes, de 50 anos, sobre as orientações que repassa aos clientes na hora de alugar para eles cadeiras e guarda-sóis. Apesar de algumas reclamações sobre os “espigões” construídos próximo à orla, ele diz que há interessados em ficar de ambos os lados.
A empresária Margarete Silveira Fadel, de 50 anos, que mora na vizinha Brusque (SC), afirma não se incomodar com a sombra dos arranha-céus de mais de 150 metros de altura. “É tão a cara de Balneário Camboriú estes prédios na orla com vistas tão lindas que não me atrapalha em nada”, define. Para ela, a sombra ajuda a deixar mais agradável a prática de exercícios físicos na areia. “É muito comum pessoas fazendo atividade física aqui durante o dia. Isso se intensifica mais ainda no fim da tarde”, pontua.
São as construtoras, no entanto, que riem à toa com toda esta zona de sombra. Isso porque edifícios construídos com a proposta de serem os mais altos têm as vendas fechadas antes mesmo da entrega. O metro quadrado varia entre R$ 8,5 mil e R$ 13 mil, dependendo do número de quartos da unidade, calcula o Sindicato de Habitação e Condomínios de Santa Catarina (Secovi-SC), sediado em Balneário Camboriú. Os preços de um apartamento costumam partir de R$ 1,5 milhão, mas podem chegar a R$ 25 milhões, no caso de coberturas e unidades tríplex.
De acordo com o presidente do Secovi-SC, Sérgio Luiz dos Santos, um dos fatores que levam à construção de prédios tão altos é a escassez de terrenos perto do mar e a possibilidade de construções mais altas, prevista na legislação local. Ele afirma que há demanda para o que é ofertado porque Balneário Camboriú é considerada um polo de lazer e qualidade de vida.
Além disso, como o público comprador é de várias regiões do país e, às vezes, até de fora, os negócios fechados não dependem de apenas uma atividade produtiva, como o agronegócio ou a indústria. “Diante disso, o aumento da faixa de areia é uma preocupação e já existe projeto da prefeitura para alargamento disso”, assinala Santos.
Gerente comercial de uma das construtoras que atuam na cidade, a FG Empreendimentos, Davi Tamanini relata que a demanda e o tamanho dos terrenos viabilizam edificações mais altas. Em geral, a procura por apartamentos para comprar começa em novembro, quando veranistas vêm à cidade e entram em contato com as construtoras. “Muitos compram antes da entrega, o que tem vantagens como conseguir condições melhores de pagamento, e valorização do investimento”, observa.
A empresa lançou há alguns anos o Edifício Millennium Palace, de 44 pavimentos e quase 190 metros de altura. Para os próximos anos, deve ocorrer a entrega do One Tower, projetado para 72 andares, o Infinity Coast, para 66 andares, e o Epic Tower, para 55 pavimentos.
Os projetos tanto do Infinity Coast como do One Tower estão em fase de desenvolvimento e por isso ainda não estão sendo comercializados. Mesmo assim, enfatiza Tamanini, a previsão de negócios é otimista. “O mercado por aqui não para”, define o gerente.
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