A operadora da Bolsa de Valores Maria Alice Baggio, quarta colocada na terceira etapa do Circuito Paranaense, encerrada ontem em Matinhos, sonha em estar na final do Mundial de Bodyboarding| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

A modalidade

O bodyboarding se pratica deitado sobre a prancha, o que cria finalizações mais radicais: por não estar de pé, o atleta não se preocupa em cair. Conheça outras curiosidades da modalidade:

Pé de pato

Os equipamentos são diferentes do surfe. A prancha é menor e de material mais flexível, por isso é preciso usar nadadeiras para compensar a velocidade da remada. Os lashes (corda que prede a prancha ao pé do praticante) são mais curtos e espiralados.

Manobras

Nessa modalidade, "qualquer onda é onda", diz Stefano Triska Neto, presidente da Federação Paraense, mas a experiência para escolher a certa conta a favor do esportista. Os juízes ficam de olho também na fluidez e na radicalidade da finalização. O que está em jogo não é a quantidade de ondas que o atleta pega e sim a qualidade das manobras.

Altos e baixos

Sanderson Trevisan e Maikon de Almeida, que vinham liderando o Circuito Paranaense, não tiveram bons resultados nesta etapa. Triska explica que oscilações de desempenho são comuns. "Variam de acordo com as condições do mar. Quando as ondas estão pequenas, os profissionais não têm como mostrar toda sua técnica, então não há favoritismo."

Biquini e maiô

Entre as garotas, Pérola de Souza e Guta Borges competem diretamente com Maria Alice Baggio. E uma novata tem merecido atenção: Simone Silveira, de 16 anos. Para entrar na água, elas costumam usar biquini por baixo e maiô por cima, para ter mais segurança. Em dia de campeonato ou sol muito forte, vestem a terceira camada: uma blusa de lycra.

CARREGANDO :)
CARREGANDO :)

Matinhos - Antes já considerado uma das revelações paranaenses do bodyboarding, Giovane Ferreira despontou como vencedor da terceira etapa do Circuito Paranaense de Bodyboarding, que terminou ontem no mar de poucas ondas da Praia Brava, em Matinhos. Depois de ficar um tempo atrás dos adversários, que faziam mais manobras, o rapaz de 21 anos se deu melhor ao realizar o "El Rollo", manobra em que se completa um círculo na onda. O resultado fez com que ele chegasse à liderança do ranking estadual – e mais perto de faturar o paranaense pela primeira vez.

Se vier, o título será o primeiro passo importante em uma carreira em que não é fácil conseguir visibilidade para pagar as próprias contas. O bodyboarding tem uma série de semelhanças com o surfe, mas as diferenças vão além do uso de nadadeiras e da prancha em formato menor, em que o atleta surfa deitado e por isso pode criar finalizações mais radicais. Enquanto os surfistas contam com circuitos profissionais que garantem a circulação e a sobrevivência dos competidores, os praticantes de bodyboarding vivem tempos difíceis, sem calendário fixo nem patrocínio garantido. Falta uma vitrine ao esporte, constata Stefano Triska Neto, presidente da Federação Paranaense de Bodyboarding.

Publicidade

A exceção é o Espírito Santo, berço da estrela Neymara Carvalho, que colocou o Brasil no topo do ranking mundial feminino – seu correspondente masculino é o australiano Jeff Hubbard. Já no Paraná, as tentativas de armar um circuito profissional no ano passado emperraram depois da primeira etapa, por falta de dinheiro. O atual circuito estadual é recreativo, aberto às categorias de base, amadores e profissionais.

Há duas décadas, a situação estava melhor. O bodyboarding desembarcou na orla brasileira nos anos 80, uma década depois de ser inventado no Havaí por Tom Morey. "Até o início dos anos 90, o bodyboarding era superdifundido no Brasil, com campeonatos que pagavam bem", diz Sanderson Trevisan, 30 anos, nove vezes campeão paranaense e duas catarinense. Mas os patrocinadores recuaram e o esporte entrou em crise. Hoje, são poucos os que, como Giovane, morador do Balneário de Ipanema, em Pontal do Paraná, cavam seu sustento só com a prancha. "Dá para sobreviver, conhecer lugares e pessoas", diz o atleta.

Elas

Se o bodyboard masculino tem um nível técnico maior, pela estrutura física dos rapazes, que permite se arriscarem mais em ondas cavadas, as garotas, como a curitibana Maria Alice Baggio, quarta colocada na etapa de ontem, se saem melhor com a onda de linha (bem desenhada). Para elas, o esporte exige força física e técnica.

Maria Alice avisa aos iniciantes no esporte que é imprescindível saber nadar no mar e sempre ter alguém por perto ao encarar as ondas. "Uma vez,entrei sozinha na Ilha do Mel e quando vi estava muito longe da areia. Comecei a remar e voltei, mas poderia ter pegado uma correnteza e ido embora", lembra a praticante, que é operadora da Bolsa de Valores e sonha com uma final de Mundial.

Publicidade

A convivência com o lugar faz diferença, diz Triska. No Paraná, as melhores ondas estão em Caiobá, onde são mais cavadas (formam um C, enquanto a do Pico de Matinhos tendem ao L).